Resumo

Título do Artigo

A ambivalência de emoções em organizações: um estudo com os professores do ensino básico durante a pandemia
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Palavras Chave

Ambivalência de emoções
Docência
Pandemia

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Comportamento Organizacional

Autores

Nome
1 - Camilla Fernandes
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ (UFPR) - PPGADM
2 - Samantha Frohlich
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ (UFPR) - PPGADM
3 - Lady Day Pereira de Souza
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE RONDÔNIA (IFRO) - Pesquisa e Inovação
4 - Simone Kunde
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ (UFPR) - PPGADM
5 - Mariane Lemos Lourenço
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ (UFPR) - PPGADM-UFPR

Reumo

Na pandemia de Covid-19, os professores foram instados a entrarem numa “linha de frente” para garantir o direito à educação dos estudantes das escolas brasileiras. A alternativa desenvolvida pelos órgãos de gestão educacional foi instaurar o “ensino remoto”, como forma de alternativa ao ensino presencial. Dessa maneira, misturando ambiente pessoal com profissional, tempo, espaço e currículo precisaram se reinventar, e experimentaram emoções ambivalentes no processo de adaptação. Tais elementos se tornam importantes para compreender o retrato emocional desses trabalhadores no contexto de crise.
Verificou-se uma série de estudos que pontuam os desafios profissionais enfrentados por professores e trabalhadores da educação pública nesse novo contexto de distanciamento social. Contudo, o lado pessoal relacionado ao misto de sentimentos e emoções experienciados por esses profissionais é pouco aprofundado. Dessa maneira, o presente trabalho tem por objetivo analisar os sentimentos ambivalentes existentes em professores da rede pública em meio à pandemia de Covid-19 e a necessidade de trabalho remoto.
Sabe-se que as emoções são constituintes da vida humana, transpõem o cotidiano social e destacam-se de forma singular dentro do contexto organizacional (VORONOV; VINCE, 2012; ZIETSMA et al.,2019). Elas apresentam a existência de dois polos que podem ser vivenciados de forma simultânea: o positivo e o negativo. Enquanto as emoções positivas podem ser pontuadas como pré-requisitos para o bem-estar, as emoções negativas são as responsáveis pelo envio de sinais ao indivíduo de que existe uma situação desafiadora a ser resolvida (ASHKANASY; DORRIS, 2017).
Adotando a perspectiva qualitativa básica, que em seu cerne busca compreender o fenômeno por meio das expressões, significados e visão de mundo revelados pelos participantes da pesquisa em seus relatos (MERRIAM, 2009), foram conduzidas entrevistas semi-estruturadas com professores que fazem parte da rede pública de ensino e que tenham passado pelo processo de adaptação ao ensino remoto durante a pandemia da Covid-19. Para análise, utilizou-se a Análise Fenomenológica Interpretativa de Gill (2015).
Aqui, a ambivalência se mostra presente quando o docente experimenta a frustração com sua atividade docente relacionada às normas imputadas pelos órgãos governamentais, e as falhas do ensino por causa de barreiras tecnológicas. Ao tempo em que há o sentimento de superação e orgulho ao conseguir proporcionar a educação aos estudantes. Ao colocar-se a ambivalência de sentimentos em pauta, esse estudo ressalta que em períodos de crise há emoções negativas no cotidiano dos indivíduos e positivas ao se verificar os ganhos de novas habilidades pessoais e profissionais no processo de mudança.
Ao discutir as trajetórias docente em uma espécie de linha temporal, tratando das experiências desde o começo de 2020 até os dias atuais, os principais resultados obtidos levam a conclusões referentes a complexidade dos sentimentos dos indivíduos dentro de um contexto de crise que afeta o cotidiano organizacional. No cenário de mudança, é possível deparar-se com desvantagens, mas também com vantagens. O lado ruim, não impossibilita a visão de um lado bom e, assim, percebe-se que a ambivalência de sentimentos pode auxiliar no desenvolvimento do trabalhador e sua organização.
BARSADE, S.G.; GIBSON, D.E. Why does affect matter in organizations? Academy of management perspectives, 2007. GILL, M. J. A Phenomenology of Feeling: Examining the Experience of Emotion in Organizations. New Ways of Studying Emotions in Organizations (Research on Emotion in Organizations), 2015, PRATT, M.G., DOUCET, L. Ambivalent feelings in organizational relationships. In: FINEMAN, S. Emotion in organizations. Sage, 2000. TSUI, A.B.M et al. Crisis and opportunity in teacher preparation in the pandemic: Exploring the “adjacent possible”. Journal of Professional Capital and Community, 2020.