Resumo

O COVID-19 tem causado impactos na vida das pessoas e transformações socioeconômicas, sanitárias e políticas, bem como impôs uma nova realidade de trabalho às Instituições de Ensino Superior. O Ensino Remoto Emergencial não prevê um suporte técnico adequado aos docentes e estudantes. Por ser um modelo improvisado, desconsidera aspectos da realidade vivida pela população acadêmica, afetando a qualidade do ensino.

Houve uma piora nas condições de trabalho dos docentes, que já eram precárias antes da pandemia, aumentou-se a carga horária de trabalho, ignorou-se a presença de demandas familiares durante o expediente e exigiu-se uma adequação imediata às Tecnologia da Informação e Comunicação. Investigar a percepção de docentes de uma Universidade Federal do Centro-Oeste brasileiro sobre a satisfação, desempenho e os desafios vivenciados durante o período do trabalho remoto emergencial decorrentes da pandemia do COVID-19.

As novas exigências, diferentes metodologias de ensino e a ausência de planejamento/estratégias para capacitar os docentes para atuar neste novo modelo de ensino, colaboraram para a sobrecarga e o acúmulo de trabalho dos docentes (BARROS et al., 2021). Como consequência do ensino remoto emergencial, houve o “[...] desgaste dos professores, que estiveram sobrecarregados pelas múltiplas atividades e pelos desafios de lidar com a tecnologia a fim de promover o ensino [...]” (GUSSO, et al., 2021, p. 05).

Trata-se de uma pesquisa descritiva e explicativa de cunho quantitativo que realizou a aplicação de um questionário on-line em 290 docentes ativos de todos os campi de uma universidade federal do Centro-Oeste brasileiro de abril a junho de 2021. Os dados foram coletados via plataforma Google Forms® e a análise foi realizada por meio da consolidação dos dados gerados pela plataforma com o auxílio do software Microsoft Excel®.

Os resultados demonstraram que os maiores desafios do trabalho remoto estão relacionados à ausência de contato físico com os colegas e discentes; ao acúmulo de demandas do trabalho; ao isolamento social e à criação e manutenção de uma nova rotina de trabalho. Adicionalmente, registra-se que 146 (50,3%) docentes participantes afirmaram que houve redução no desempenho profissional. No entanto, 144 (49,6%) declararam que o trabalho remoto não contribuiu para a diminuição do desempenho. A maioria dos participantes estão descontentes com o trabalho remoto emergencial.

Neste estudo, ficam explícitos as adversidades e desafios que os docentes vivenciam e enfrentam no ambiente de trabalho agravadas pela pandemia do COVID-19. O ensino remoto emergencial imposto pelas IES, para manter a continuidade do ensino, requer mais preparo e atenção. A escassez de um planejamento que vise estratégias para instruir/capacitar os docentes para atuarem nesse contexto pandêmico e a necessidade de buscar novos conhecimentos (inserção às tecnologias/ferramentas digitais) e novas metodologias de ensino-aprendizagem colaboraram para a sobrecarga do docente

LEITE, Ana Luiza; LEMOS, Dannyela Da Cunha. Gestão de pessoas e o teletrabalho: desafios e possibilidades. Revista do Serviço Público, v. 72, n. 02, p. 330–359, 2021. DOI: https://doi.org/10.21874/rsp.v72i2.4987. PEDROLO, Edivane; SANTANA, Leni de Lima; ZIESEMER, Nadine de Biagi Souza; CARVALHO, Telma Pelaes de; RAMOS, Tangriane Hainiski; HAEFFNER, Rafael. Impacto da pandemia de COVID-19 na qualidade de vida e no estresse de docentes de uma instituição federal. Research, Society and Development, v. 10, n. 04, p. 01-17, 2021. DOI: https://doi.org/10.33448/rsd-v10i4.14298.