1 - Marilene de Castro Vasconcelos UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) - PPAC
2 - Tereza Cristina Batista de Lima UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) - FEAAC
3 - Rafaela de Almeida Araújo UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) - Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade
Reumo
Nos últimos anos notou-se a inserção de mulheres em ambientes militares e civis para desempenhar atividades até então exercidas por homens. Assim, a mulher surge ocupando gradativamente espaço no universo das delegacias, ambiente considerado masculino (MENEZES et al., 2021). Desse modo, é importante observar o impacto do estigma de gênero na constituição da identidade profissional dessas mulheres, visto que o processo de construção de identidade nas carreiras modernas pode sofrer influência ou se diferenciar dos componentes em grupos estigmatizados (SLAY; SMITH, 2011).
O estudo tem como questão de pesquisa: “como o estigma de gênero interfere na construção da identidade profissional de mulheres delegadas?” Assim, o presente por objetivo investigar como o estigma de gênero interfere na construção da identidade profissional de mulheres delegadas.
O estudo é baseado na teoria de Slay e Smith (2011). No modelo analisa as influências iniciais e das experiências profissionais vivenciadas pelo indivíduo. O modelo ainda apresenta a necessidade de uma redefinição da identidade profissional no lugar do processo de adaptação na profissão. As tarefas de redefinição são vistas como centrais para os membros de grupos culturais estigmatizados, para tanto é necessário realizar a redefinição da profissão, do “eu” e do estigma.
Esta pesquisa é caracterizada como qualitativa, descritiva, realizada mediante entrevistas semiestruturadas com 15 delegadas. Para a análise das entrevistas, utilizou-se do método de análise de conteúdo (BARDIN, 2011), realizada com o auxílio do software Atlas.ti na versão 7.
Como resultados, o apoio de familiares e o sonho de trabalhar com justiça foram os fatores preponderantes na escolha da profissão. A possibilidade de solucionar crimes, o reconhecimento do trabalho prestado, homenagens, ocorrência de crimes passionais, ameaça de morte e a perda de colegas de trabalho para o crime influenciaram na redefinição da profissão. A redefinição do estigma foi percebida por meio da representação de classe que permitiu o empoderamento. Por fim, a representação de papel de delegada faz com que mostrem para a sociedade que é possível realizar o mesmo trabalho que o homem.
Conclui-se que as delegadas passaram por um processo de ressignificação de suas identidades, proporcionando uma valorização de si por meio do empoderamento, já que provam todos os dias que suas capacidades são as mesmas que as dos homens. O estudo também contribui para o melhor entendimento de como ocorre a construção da identidade profissional estigmatizada, já que assim como Slay e Smith (2011) afirmam, ocorreu uma ressignificação desse estigma de serem um outsider. Além disso, foi observado que as barreiras enfrentam para progredir em suas carreias não atuam como limitantes.
BARDIN, L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70. 201.
MENEZES, R. M. et al. “Muito além da Capitã Marvel”: Socialização profissional de policiais federais. Revista Pensamento Contemporâneo em Administração, v. 15, n. 1, p. 147-164, 2021.
SLAY, H. S.; SMITH, D. A. Professional identity construction: Using narrative to understand the negotiation of professional and stigmatized cultural identities.Human relations, v. 64, n. 1, 2011.