Resumo

O teletrabalho vem ganhando adesão mundo afora, sobretudo, neste período de pandemia causada pela COVID-19. Essa modalidade é fruto da sociedade moderna e surge num momento em que o sistema fabril clássico está desmoronando frente às transformações da nova revolução industrial (VALENTIM, 2000). Ele vem ganhando adesão à medida que a área de tecnologia da informação evolui e se expande. O teletrabalho ganha força também na Administração Pública e desafia o gestor público ((NILLES, 1997) no exercício da gestão remota e revela a necessidade de competências específicas para a telegestão.

O presente trabalho tem por objetivo identificar os principais desafios enfrentados pelo gestor público no gerenciamento de servidores/empregados públicos em trabalho remoto na administração pública brasileira e mostrar que esta modalidade de trabalho exige dos gestores públicos novas competências para a gestão de suas equipes enquadradas nesta condição. Assim, surge a seguinte proposição: os principais desafios enfrentados pelos gestores públicos na telegestão (NILLES, 1997) são oriundos da ausência de novas competências gerenciais necessárias para a gestão dos teletrabalhadores.

O teletrabalho não é novidade no setor público. Segundo Matias-Pereira (2013), diversos órgãos públicos possuem experiência nesta modalidade de trabalho. Cita-se exemplos como Tribunal de Contas da União, Caixa Econômica Federal, Petrobras, Tribunal Superior do Trabalho, Serviço Federal de Processamento de Dados e Secretaria de Receita Federal. Para a discussão do teletrabalho na Administração Pública, seus desafios e competências necessárias para superá-los, este trabalho se baseou em autores como Vilarinho, Paschoal e Demo (2021), Bucater (2016), Nilles (1997), Patini (2012) e outros.

O modelo de gestão pública centralizador deve ser substituído por modelo flexível de gestão a distância pautado na confiança e transparência. Isso torna um desafio para muitos gestores públicos que não foram treinados para desenvolver as competências necessárias para a telegestão. Hanashiro e Dias (2002, p. 11) afirmam que “um ótimo gerente tradicional pode não ser tão bom num ambiente virtual”. Dentre os desafios: falta de treinamento e sobrecarga (SOARES, 1995); falta infraestrutura e supervisão (BARROS, SILVA, 2010), preconceito e desconfiança de chefes e colegas (VILARINHO et. al., 2021).

A revisão de literatura revelou que as principais dificuldades estão atreladas à gestão de pessoas, à comunicação precária ou falta dela, à tentativa de controle rígido do telegestor em relação aos seus liderados e aos desafios tecnológicos envolvendo a ausência de ferramentas tecnológicas modernas e ágeis, além das dificuldades do telegestor em saber utilizar aquelas existentes. O trabalho também aponta a necessidade em desenvolver novas competências gerenciais para o telegestor público, além de construir a confiança e transparência e realizar ajustes na cultura organizacional.

BUCATER, A. Liderança a distância: um estudo sobre os desafios de liderar equipes em um contexto de trabalho remoto. Dissertação: 2016. Catálogo de Teses & Dissertações – CAPES. FLEURY, A.; FLEURY, M.T.L. Estratégias Empresariais e Formação de Competências, Um Quebra-cabeça Caleidoscópico da Indústria Brasileira, São Paulo: Atlas, 3 ed, 2007. MATIAS-PEREIRA, J. A adoção do teletrabalho na Administração Pública, 2013 NOGUEIRA, A. M.; PATINI, A. C. Trabalho remoto e desafios dos gestores. Revista de Administração e Inovação, São Paulo, v. 9, n.4, p.121-152, out/dez. 2012.