Resumo

O Brasil é um importante produtor de frutas, mas no que diz respeito às exportações in natura, seu destaque é menos relevante, ainda que haja grande potencial de crescimento. Neste sentido, este trabalho teve como objetivo analisar quais, dentre as frutas frescas mais exportadas pelo Brasil (manga, melão, limões e limas, uva, mamão, melancia, banana e maçã), têm vantagem comparativa frente ao comércio global da mesma fruta. Em outras palavras, avaliar as potencialidades de cada setor.

Em 2019, o Brasil se manteve como o terceiro maior produtor mundial de frutas, com 40 milhões de toneladas, ficando atrás apenas da China e da Índia, segundo a Food and Agriculture Organization. Por outro lado, quando se trata das exportações, pouca quantidade se destina a este comércio, e o país ficou na décima terceira posição no ranking mundial em volume no mesmo período.

Apesar da colocação distante do topo do ranking mundial de exportações, o Brasil ainda tem potencial para subir muitas posições. Destaca-se que o volume exportado das frutas brasileiras aumentou 18% nos últimos cinco anos (2015 a 2019), passando de 812,8 para 958 mil toneladas, segundo a Food and Agriculture Organization. Assim, este trabalho tem por objetivo analisar quais, dentre as frutas frescas mais exportadas pelo Brasil (manga, melão, limões e limas, uva, mamão, melancia, banana e maçã), têm vantagem comparativa frente ao comércio global da mesma fruta.

Observando o potencial das exportações brasileiras de frutas, o presente trabalho visa analisar quais, dentre as mais exportadas pelo Brasil (manga, melão, lima, uva, mamão, melancia, banana e maçã), têm vantagem comparativa, ou seja, possuem eficiência no comércio global. De tal modo, aplicou-se o índice de Vantagem Comparativa Revelada (VCR), desenvolvido por Balassa (1965), no período de 1995 a 2019, e entrevistas semiestruturadas com agentes do setor exportador, permitindo identificar os principais fatores responsáveis pelo desempenho de cada segmento.

O Brasil apresenta vantagem comparativa no cenário internacional de mamão, manga, melão e lima ácida tahiti. No caso do mamão, da manga e da lima ácida tahiti, o consumo internacional é crescente, por se tratarem, ainda, de frutas exóticas. Além disso, no caso do mamão e da lima ácida tahiti, há poucos países concorrentes nos envios destas frutas. Já, para as frutas mais comercializadas internacionalmente, como uva, maçã e banana, o Brasil ainda apresenta desvantagens internacionais, visto a grande concorrência no mercado.

O resultado obtido sugere que trabalhos de políticas de apoio ao comércio externo de frutas devem priorizar a promoção de frutas tropicais brasileiras pouco conhecidas na Europa e nos Estados Unidos, além de investimentos em pesquisa e tecnologia de produção que permitam um controle no calendário de colheita das frutas de grande relevância no mercado externo. Além disso, precisam ser revistas as tarifas impostas sobre as exportações brasileiras para algumas frutas e destinos, parâmetro que, por si só, já pode impactar negativamente na competitividade brasileira.