Resumo

Ao longo dos últimos anos o desempenho em ESG (Environmental, Social and Governance) tornou-se uma fonte importante para avaliar o risco corporativo, podendo afetar o desempenho financeiro e a lucratividade da empresa. Relacionado à teoria dos Stakeholders que leva em consideração o impacto causado pela organização na sociedade (FREEMAN; MCVEA, 2001). Pesquisas recentes mostram que um bom desempenho ESG pode melhorar o desempenho financeiro em alguns países. No Brasil, as pesquisas que investigam a relação entre os desempenhos em ESG e financeiro ainda são poucas e com resultados divergentes.

Dada a reconhecida importância das informações sobre ESG para a gestão corporativa, investidores, tomadores de decisão e agências reguladoras, bem como, a necessidade de maior investigação dos seus impactos no desempenho financeiro das empresas no Brasil, o presente trabalho tem como objetivo investigar as relações existentes entre indicadores de ESG e indicadores de desempenho financeiro.

Pesquisas recentes indicam que um bom desempenho ESG pode melhorar o desempenho financeiro em determinados países. O que traz significativas informações para investidores, administração de empresas, e tomadores de decisão (ZHAO, et al. 2018). Além de criar uma vantagem competitiva relevante para as empresas que investem nesse indicador, quando comparado com os concorrentes (TALIENTO; FAVINO; NETTI, 2019). Com isso, a crescente demanda de informações ESG, por investidores e pelo público, vem se expandindo em diversos países, explicando o número de estudos acadêmicos nessa área (RAMIĆ, 2019).

Utilizou-se uma amostra de 60 empresas listadas na B3, no período de 2012 a 2020, foram estimados quatro modelos econométricos por meio de regressões com dados em painel. As variáveis utilizadas na pesquisa foram classificadas em: financeiras, ESG e de controle. Para o desempenho ESG os dados foram coletados na base CRSHub Consensus ESG Ratings. Para calcular o desempenho financeiro, coletou-se nos balanços patrimoniais e demonstrações do resultado de exercício disponíveis no site da Comissão de Valores Mobiliários – CVM. As variáveis de controle utilizadas são tamanho, alavancagem e setor.

Os resultados evidenciaram que a classificação ambiental da empresa afeta negativamente o desempenho financeiro, medido pelo retorno sobre o ativo, retorno sobre o patrimônio líquido e lucro por ação. A governança apresentou relação positiva com o lucro por ação, indicando que boas práticas de governança podem contribuir para o resultado financeiro das organizações. Na direção inversa, foram encontrados efeitos significativos, mas negativos das variáveis de desempenho financeiro sobre o indicador geral de ESG.

Os resultados indicam que os níveis de práticas sociais não são determinantes do desempenho financeiro, representado pelos indicadores ROA, ROE e LPA das empresas estudadas. E para a classificação ambiental foi encontrada relação negativa com o desempenho financeiro, medido pelo ROA, ROE e pelo LPA, que pode ser justificada pelo retorno financeiro não imediato. Resultado semelhante ao encontrado por Garcia e Arango (2020) para as empresas latino-americanas. Salienta-se, porém, que este estudo não está isento de limitações como o tamanho da amostra e o uso de poucos indicadores financeiros.

FREEMAN, R. E; MCVEA, J. F. Stakeholder Approach to Strategic Management. University of Virginia: SSRN Electronic Journal, 2001. FRIEDE, G; BUSCH, T; BASSEN, A. ESG and financial performance: aggregated evidence from more than 2000 empirical studies. Journal of Sustainable Finance & Investment, 5:4, 210-233, 2015. GARCIA, J. A. C; ARANGO, L. V. Desempeño ambiental, social y de gobierno (ASG): incidencia en el desempeño financiero en el contexto latinoamericano. Jornal da Faculdade de Ciências Econômicas, vol. 28, n.2, Bogotá, diciembre de 2020.