Resumo

Título do Artigo

POLÍTICA DE COTAS DO ENSINO SUPERIOR PÚBLICO BRASILEIRO E INSERÇÃO DE EGRESSOS NO MERCADO DE TRABALHO: uma revisão sistemática da literatura
Abrir Arquivo
Ver apresentação do trabalho
Assistir a sessão completa

Palavras Chave

Ação afirmativa no ensino superior
Egressos
Inserção no mercado de trabalho

Área

Administração Pública

Tema

Gestão e Inovação em Políticas Públicas

Autores

Nome
1 - José Roberto Abreu de Carvalho Junior
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA (UFV) - Viçosa
2 - Jorge Leal Hanai
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO (FGV-EAESP) - FGV EAESP
3 - Wescley Silva Xavier
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA (UFV) - Viçosa

Reumo

A política de cotas do ensino superior público brasileiro reserva metade das vagas dos cursos de graduação das universidades federais para alunos do ensino médio de escolas públicas. Ela foi desenhada para expandir o acesso às universidades públicas de qualidade e de maior prestígio social a grupos historicamente sub-representados nesse nível de ensino (LOPES, 2016). Por ter um formato que combina a cor/raça, a condição socioeconômica e a origem escolar do estudante, a política de cotas surge como possibilidade para reduzir as desigualdades raciais na sociedade brasileira (ANDREWS, 2014).
Apesar da relevância da política de cotas para seu público beneficiário, ao melhor de nosso conhecimento, até agora, nenhum trabalho fez uma revisão sistemática da literatura para apresentar os resultados de pesquisas sobre a situação no mercado de trabalho de egressos cotistas e não cotistas. Diante desse problema, o objetivo do nosso artigo foi fazer uma revisão sistemática da literatura para sintetizar os resultados encontrados pela literatura que investigou a inserção no mercado de trabalho de egressos da política de cotas do ensino superior público brasileiro.
Ao facilitar o acesso de grupos historicamente excluídos das universidades públicas brasileiras, a política de cotas interrompe uma manutenção de privilégios e lugares de exercícios de poder anteriormente exclusivos das classes abastadas (QUEIROZ; SANTOS, 2006) e, assim, amplia as perspectivas de vida e os horizontes dos filhos das classes desprivilegiadas socioeconomicamente. Ao redor do mundo, há fortes evidências de bons resultados no mercado de trabalho e mobilidade social dos estudantes cotistas das políticas de cotas dos Estados Unidos, da Índia, da Malásia, da África do Sul e da China.
Encontramos poucas pesquisas sobre a política de cotas e inserção de egressos cotistas no mercado de trabalho. Pelos resultados encontrados, constatamos que, de modo geral, a política de cotas é benéfica para os egressos cotistas, pois eles têm se inserido bem no mercado de trabalho e alcançado a mobilidade social, melhorando substancialmente suas vidas. Porém, variáveis como gênero, cor/raça, curso e capital social ainda podem promover menores ganhos no mercado de trabalho em relação aos egressos não cotistas mesmo sendo os dois grupos igualmente qualificados em universidades de prestígio.
O estado da arte sobre o tema é ainda limitado em termos de volume de pesquisa, foco e metodologia e, portanto, necessita avançar. Mas entre a literatura existente, tanto os estudos quantitativos como os qualitativos apontam resultados positivos, mostrando que egressos cotistas alcançaram a mobilidade social, conquistando ocupações de destaque e remuneração condizente, e que não há diferenças em relação aos egressos não cotistas, confirmando o quanto o diploma de ensino superior pode ser uma ferramenta efetiva para se combater a forte desigualdade de renda e social existente no Brasil.
ANDREWS, G. R. Racial inequality in Brazil and the United States, 1990-2010. Journal of Social History, v. 47, n. 4, p. 829–854, 2014. LOPES, A. D. Affirmative action in Brazil: how students’ field of study choice reproduces social inequalities. Studies in Higher Education, v. 42, n. 12, p. 2343–2359, 2016. QUEIROZ, D. M.; SANTOS, J. T. Sistema de cotas: um debate. Dos dados à manutenção de privilégios e de poder. Educação & Sociedade, v. 27, n. 96, p. 717–737, 2006.