Resumo

Título do Artigo

ENTRE(LAÇANDO) PERSPECTIVAS QUEER INTERSECCIONAIS
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Palavras Chave

teoria queer
interseccionalidade
revisão bibliométrica

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Diversidade, Diferença e Inclusão nas Organizações

Autores

Nome
1 - Tatiane Alves de Melo
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIENCIA E TECNOLOGIA DE BRASILIA (IFB) - Campus Gama

Reumo

Ao pensamento feminista localizado na terceira onda (1980 – até hoje) atribui-se às ideias construtivistas do corpo, abordagens de gênero, teoria queer, ênfase na análise da identidade social e, ao fazer isso, pode utilizar as inspirações da interseccionalidade (Zuckerman e Crandall, 2019). Estudiosos da terceira onda enfatizam que a maneira pela qual a identidade é classificada – raça, gênero, deficiência, sexualidade, classe, nacionalidade, etnia e outras – irá (re)produzir e normalizar relações de poder que atravessam hierarquias, bem como, injustiças entre grupos marginalizados e dominante
Loutzenheiser (2015) considera que a condição de ser pesquisadores e educadores atravessa a necessidade de formular novas questões. Logo, com o intuito de compreender o desenvolvimento da literatura sobre o uso conjunto das lentes teóricas queer e interseccionalidade, o presente estudo alinha-se a seguinte problemática: como o uso conjunto das teorias queer e interseccionalidade são utilizadas no cenário internacional de publicações científicas? Neste sentido, o objetivo deste artigo é apresentar a perspectiva dos estudos relacionados ao uso conjunto da teoria queer e interseccionalidade a par
A lente teórica queer consiste no pensamento heterogêneo e interdisciplinar embrionado a partir de estudos LGBT, feminismo, pós-estruturalismo, pós-modernismo (McDonald, 2015) e crítica ao positivismo (Carr, Ben Hagai e Zurbriggen, 2017). A interseccionalidade está localizada na política feminista negra na década de 1980 e foi cunhado na escrita de Crenshaw em 1989 (Gambino, 2020). Interseccionalidade sublinha um debate mais amplo no campo teórico crítico (Gambino, 2020), marcada pelas contribuições das autoras negras Kimberlé Crenshaw e Patricia Hill Collins (Chan e Howard, 2020).
A partir da revisão sistemática da literatura com análises bibliométricas, o presente estudo qualitativo, de natureza descritiva, utilizou o método de pesquisa documental. O processo para realização da pesquisa bibliométrica iniciou-se no acesso à base Web of Science (WoS). Pesquisando no campo Tópico, foi informada a sequência de caracteres Queer Theory AND Intersectionality, resultando em 119 documentos. Com o propósito de analisar apenas artigos científicos concluídos, considerou-se a seleção para refinar resultados e filtrar por tipo de documento, resultando em 51 artigos para análise.
Os resultados apontam para um cenário escasso de artigos e de autores que publiquem periodicamente sobre o tema. Em relação ao tipo de artigos, observou-se que o corpus é composto por 15 estudos teóricos, 13 estudos empíricos e 7 revisões de literatura. A teoria queer e o pensamento interseccional perpassam um campo de pesquisa multifacetado, e, portanto, não devem se limitar às áreas que mais publicam pesquisas. Destacam-se estudos voltados para a formação de docentes, ênfase no feminismo negro, contribuições do pensamento decolonial, relações desiguais, raciais e patriarcais de dominação.
O pensamento das teorias queer e interseccionalidade perpassa um campo de pesquisa multifacetado e demanda conexões e cruzamentos entre campos de pesquisa, considerando nossa realidade, nossos espaços de (sobre)vivência, nossas relações organizacionais, e nós mesmos(as). Apoiados no pensamento (auto)crítico, a proposta desestabilizadora é percorrer o caminho de mãos dadas (de um lado) com a interseccionalidade, e, (de outro) com a teoria queer, a partir do corpo decolonial; ou seja, precisamos compreender e combater as inúmeras técnicas e modos de operatividade das relações de poder.
CARR, B.B; BEN HAGAI, E; ZURBRIGGEN, E.L. Queering Bem: Theoretical Intersections Between Sandra Bem’s Scholarship and Queer Theory. Sex Roles, 76, p.655-668, 2017. MCDONALD, J. Organizational Communication Meets Queer Theory: Theorizing Relations of “Difference” Differently. Commun Theor, 25: p.310-329, 2015. ZUCKERMAN, M.K; CRANDALL. J. Reconsidering sex and gender in relation to health and disease in bioarchaeology. Journal of Anthropological Archaeology, vol. 54, p.161-171, 2019.