Resumo

A academia tem legitimado a aplicação da abordagem teórica do sensemaking para a compreensão dos processos de movimentação organizacional em contextos dinâmicos e em cenários de incerteza. Tais movimentos, em muitos casos, configuram-se como inserções ou rupturas institucionais. O diálogo entre sensemaking e teoria institucional tem sido ampliado nos últimos seis anos. Contudo, está articulação teórica não se esgotou e requer sínteses e reflexões que possam contribuir para ampliação da compreensão dos processos de mudanças organizacionais.

Este estudo tem por objetivo produzir uma metassíntese de estudos de casos qualitativos que evidencie como esta articulação teórica tem contribuído para o avanço do conhecimento sobre os processos de mudanças organizacionais investigados por diferentes autores. Para tanto, foi realizado uma metassíntese qualitativa que tomou como objeto de análise 10 estudos de casos qualitativos, sendo 8 únicos 2 estudos de casos múltiplos.

Weick (1995) define sensemaking como um processo em que agentes atribuem sentidos as circunstâncias de fenômenos em ambientes passíveis de alterações. A teoria tem sido aplicada para a compreensão de respostas organizacionais à dinâmica e a complexidade institucional. Assim, o sensemaking se estabelece como um processo de estruturação, em que agentes reorganizam conscientemente a perspectiva da realidade, pois é restringido e fortalecido pela existência de práticas institucionais que são reproduzidas e transformadas pela própria criação de sentidos.

O estudo discutiu como a natureza da mudança institucional (endógena ou exógena) pode influenciar de forma diferenciada o processo de construção do sensemaking e a capacidade de agência dos indivíduos. As mudanças decorrentes do hibridismo de lógicas institucionais podem dar origem a um processo de sensemaking que poderá gerar múltiplos conflitos de interesses que precisam ser ordenados e mediados pelos agentes.

Nesta circunstância, as organizações tendem a orientar e regular processos de sensemaking por meio de práticas de compartilhamentos de sentidos e de fortalecimento de ações responsivas. Para tanto, elas recorrem à manipulação de discursos, objetos materiais e visuais ou empregam forças de elos institucionalizados entre o corpo organizacional como elementos identitários e historicidade do campo.

Hoon, C. (2013). Meta-synthesis of qualitative case studies: An approach to theory building. Organizational Research Methods, 16(4), 522-556. Weick, K. The social psychology of organizing. Reading: AddisonWesley, 1979. Weick, k. E.; Sutcliffe, K. M.; Obstfeld, d. Organizing and the process of sensemaking. Organization Science, v. 16, n. 4, p. 409-421, 2005.