Resumo

Título do Artigo

A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO IMAGINÁRIO GLOBAL DOMINANTE POR VIAS DA INTERNACIONALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR
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Palavras Chave

Educação Superior
Internacionalização
Epistemologia

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Epistemologias e Ontologias em Estudos Organizacionais

Autores

Nome
1 - Fernanda G Leal
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA (UFSC) - Pró-reitora de Desenvolvimento e Gestão de Pessoas

Reumo

Em tempos de reconfiguração das funções exercidas pela educação superior no mundo, aquilo que convencionou-se chamar de internacionalização tem sido tratado pelos discursos dominantes como o caminho inequívoco a ser percorrido por aqueles que almejarem integrar-se ativamente à economia global do conhecimento. Este artigo – recorte de uma tese doutoral desenvolvida com as lentes da Modernidade/(De)colonialidade (Walsh & Mignolo, 2018) – resulta de um esforço para contribuir com uma emergente área de estudos críticos em internacionalização da educação superior.
Dado o pressuposto de que a ideia dominante de internacionalização se encontra imersa na matriz cultural do poder colonial; avança sob o alicerce de um imaginário global hierárquico que se integra à estrutura do capitalismo como sistema mundial histórico e, portanto, reflete interesses substancialmente instrumentais e capitalistas, o O objetivo do artigo foi analisar, de uma perspectiva epistemológica, os discursos sobre internacionalização da educação superior no contexto de uma universidade pública brasileira.
O padrão de poder moderno/colonial se ampara na ideia de raça e na articulação de todas as formas históricas de trabalho em torno do capital e do mercado mundial. O fim do colonialismo não desfez a colonialidade; as narrativas parciais da modernidade incluem um mito irracional que justifica sua “violência genocida” (Dussel, 1993, p. 75). A ideia dominante de internacionalização da educação superior como atende a tais preceitos e suscita questionamentos como: Que espaço para conversações críticas acerca de futuros alternativos a ideia de ‘internacionalização como imperativo’ promove?
O estudo segue a tradição de pesquisa qualitativa. Os achados são um recorte de tese desenvolvida em duas etapas: A primeira constituída de revisões sistemáticas de literatura e do acompanhamento de mais de trinta eventos sobre o tema. A segunda constituída de uma pesquisa de campo em uma universidade pública do Sul do Brasil. Tal etapa esteve orientada a conhecer os discursos e as estratégias de internacionalização naquele contexto institucional específico e incluiu a coleta de dados primários e secundários por meio de observação direta e entrevistas, recursos bibliográficos e documentais.
A análise foi reveladora no que diz respeito àquilo que a gestão da Universidade considera (e, sobretudo, deixa de considerar) como internacionalização. As convergências encontradas nos textos e nas narrativas orais sugerem a existência de uma relação entre a institucionalização do processo de internacionalização e um alinhamento mais direto com as visões e os interesses do núcleo do sistema mundial. Na dimensão analítica explorada, “internacionalização como imperativo e bem incondicional”, identifica-se a predominância de um viés positivo e prescritivo para a abordagem do fenômeno.
Em alinhamento com os princípios filosóficos da ciência moderna e do eurocentrismo, a internacionalização é concebida como realidade irreversível e bem incondicional ao qual toda a comunidade universitária deve se curvar. No intuito de “forçar comportamentos que apoiem sua racionalidade específica” (Ramos, 1984, p. 6), os sujeitos são percebidos como instrumentos que necessitam fazer com que uma perspectiva específica de internacionalização (a idealizada pela gestão) se consolide.
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