Resumo

Acentuadamente, na última década, o tema sustentabilidade tem despertado cada vez mais o interesse da sociedade pela necessidade cada vez mais imperiosa do desenvolvimento sustentável em que os aspectos econômicos, sociais e ambientais se tornem integrados. Nesse setor de atividade, as cooperativas são responsáveis pela coleta de 90% de todos os resíduos), sendo que, esse mercado movimenta anualmente, aproximadamente R$ 24 bilhões de reais.

O problema da pesquisa está em encontrar respostas para a questão: como se dá a influência dos stakeholders no processo de criação de valor nas redes de cooperativas de materiais recicláveis? O objetivo desta pesquisa está em analisar os relacionamentos dos stakeholders na cadeira produtiva e, como estes relacionamentos influenciam na criação de valor em redes interorganizacionais, tendo, como caso, as cooperativas de materiais recicláveis.

Os autores seminais da teoria dos stakeholders (Freeman, 1984, Donaldson, Preston (1995) descreveram os agentes interessados no empreendimento como merecedores de atenção. Mitchell, Agle, Wood (1997) concebem que o tratamento destinado aos stakeholders deve considerar os atributos de poder, legitimidade e urgência dos quais são possuidores. A revisitação desses autores à teoria, após mais de duas décadas, reforçam a ideia de que a saliência e a densidade e centralidade dos laços na criação de valor constituem fator estratégico nas redes de relacionamentos (Rowley, 2007,2017; Wood, 2018).

Por meio de pesquisa exploratório-descritiva, de natureza qualitativa, estudo de casos múltiplos de cooperativas de redes de reciclagem dos municípios de São Paulo, filiadas e não filiadas à Federação Paulista de Cooperativas (Fepacoore). Em decorrência da Covid-19, a pesquisa empírica foi realizada por intermédio de dezenove entrevistas com stakeholders de três cooperativas de reciclagem, utilizando-se as ferramentas da Internet tais como Whatsapp, Google Meeting, Zoom, Skype e questionários enviados por E-Mail, junto aos stakeholders primários e secundários.

Em relação ao modelo de saliência e aos aspectos de densidade e centralidade da teoria dos laços verificou-se que nas cooperativas, independentemente de estarem ou não associadas a federação, quanto mais intensos os atributos de poder, legitimidade e urgência, como ocorre principalmente com o stakeholder definitivo, maior a pressão que exercem na rede e, consequentemente, maior a quantidade de regras estabelecidas para atender os interesses daqueles mesmos stakeholders.

A integração entre os stakeholders no processo de criação de valor possibilita as cooperativas proporcionarem benefícios econômicos e sociais para seus cooperados. Cada um os agentes envolvidos, dotados de menor ou maior grau de saliência, contribuem decisivamente para a consolidação do empreendimento.

MITCHELL , AGLE, WOOD., Stakeholder Identification and Salience after 20 years: Defining the Principle of Who and What Really Counts. The Academy of Management Review, Vol. 22, No. 4, pp. 853-886,1997. STOCKER F.; BOAVENTURA J.M.G.; LANGRAFE T.F; BARAKAT S.R., A Stakeholder Theory Approach to Creating Value In Higher Education Institutions, The Emerald Journal, v 33, p.297-313, 2020. WOOD, D. J.; MITCHELL, R. K.; AGLE, B. R.; BRYAN, L. M. Stakeholder Identification and Salience After 20 Years: Progress, Problems, and Prospects. Business & Society, [S. l.], v. 60, n. 1, p. 196-245, 2018.