Resumo

A análise dos relacionamentos de alunos em escolas remonta, pelo menos, a 1944, com a pesquisa de Smith (1944), que analisou as relações e a coesão de grupos de alunos. Smith (1944) utilizou a Análise de Redes Sociais-ARS. A ARS representa uma abordagem que proporciona um melhor entendimento dos tipos de relacionamentos que são desenvolvidos entre os estudantes e os resultados desses relacionamentos em termos de desempenho ( Lomi et al., 2011).

A questão de pesquisa deste trabalho é analisar “quais as características da rede de relacionamentos dos alunos do Curso de Graduação em Administração da UFSJ e quais atributos de rede dos alunos têm influência no desempenho dos estudantes”. O objetivo é entender e descrever a configuração das redes dos alunos de cinco turmas, por meio da Análise de Redes Sociais; investigar os indicadores de rede correlacionado-os com o desempenho dos estudantes e examinar os atributos dos alunos na formação de subgrupos, avaliando homofilia e heterofilia.

As medidas da ARS mais utilizadas são as estatísticas de centralidade, intermediação, índices de homofilia e heterofilia, indegree e outdegree (Carbonai, 2017). Assevera-se analisar correlações entre a posição dos atores na rede, notadamente centralidade, e seu desempenho acadêmico (Saxena, Reddy, Saxena, & Gera, 2019). Há evidências que centralidade (eigenvector), proximidade, degree e intermediação estão associadas com desempenho (Ortiz, Hoyos, & López, 2004). Além disso, os alunos com desempenho superior estão situados em posições centrais na rede.

Para o alcance dos objetivos propostos foram pesquisas seis turmas (185 alunos) do curso de Administração da UFSJ. Utilizou-se Análise de Redes Sociais para compreender as redes e regressão, ANOVA e teste t para averiguar as correlações entre desempenho acadêmico e a posição dos alunos da rede, por meio dos indicadores Betweenness, Closeness, Bridging, Degree, Eigenvector, Indegree, Outdegree, Proximit, Information e Bonacich Beta Centrality.

A turma do 6º Período Noturno apresentou maior número de laços relacionais e maior média de laços por integrante, consequentemente teve maior grau de centralidade total, ou seja, maior tendência à concentração de laços. Também é a turma que apresentou maior coesão social em termos quantitativos. Os atributos que exercem maior força para contribuir para a geração de laços foram gênero, desempenho e se trabalha. O indicador Bonacich Beta Centrality foi o que melhor explica desempenho, em quatro turmas, e indegree em uma turma.

A geração de laços relacionais entre os alunos é favorecida pela homofilia, isto é, por semelhança em certos atributos pessoais. A análise mostrou que os atributos que exercem maior influência foram a similitude por gênero, seguidas de desempenho e se trabalha. Um importante achado desta pesquisa refere-se ao indicador Bonacich Beta Centrality sendo o mais significativo para explicar o desempenho, obtido em quatro das cinco turmas. Em uma turma indegree apresentou maior significância.

Lomi, A., Snijders, T. A. B., Steglich, C. E. G., & Torló, V. J. (2011). Why are some more peer than others? Evidence from a longitudinal study of social networks and individual academic performance. Social Science Research, 40, 1506-1520. Ortiz, M. G. R., Hoyos, J. R. C., & López, M. G. R. (2004). The social networks of academic performance in a student context of poverty in Mexico, Social Networks, 26(2), 175–188. Saxena, A., Reddy, H., Saxena, P., & Gera, R. (2019). A Survey on Studying the Social Networks of Students.