Resumo

Dentre as teorias sobre redes interorganizacionais, destacam-se aquelas baseadas no conceito de embeddedness ou enraizamento social, conforme proposto por Granoveter (1985) e que embasa a teoria de redes até hoje. Outra vertente mais atual de estudos diz respeito à análise dos múltiplos níveis de relações e formação de redes nas organizações (Brass, Galaskiewicz, Greve & Tsai, 2004), e que, portanto, leva em conta as diferentes redes sociais interindividuais para a formação de redes interorganizacionais.

Este ensaio tem como objetivo apresentar um modelo teórico que possa ser usado para explicar a formação de laços interorganizacionais, com base em redes sociais interindividuais, apresentando a influência dos indivíduos – menor nível da organização – no processo de formação do laço, bem como do contexto no qual a organização se encontra enraizada. Por meio de uma perspectiva bottom-up, o modelo busca agrupar uma visão de incorporação de laços que esteja conjugada com uma visão de fora para dentro da organização com base nas pressões oriundas do seu contexto de imersão.

A natureza dos laços formados pode variar conforme a intensidade dos relacionamentos, a reciprocidade entre os indivíduos, a clareza das expectativas entre eles e a multiplicidade, que corresponde ao grau em que cada indivíduo está ligado em múltiplas relações. Ao se analisar as redes sociais no contexto organizacional, nota-se que a heterogeneidade das relações interpessoais está intimamente ligada à formação de laços interorganizacionais.

A seção de discussão é a mais densa deste ensaio teórico e contempla inicialmente a proposição do modelo para em seguida aprofundar as amarrações teóricas associadas às três variáveis relacionadas aos laços individuais: a Multiplicidade de Laços, a Amplitude de Interação e o Grau de Influência Pessoal. A seção ainda discute o papel do contexto organizacional. O modelo proposto neste ensaio teórico visa explicar como se dá a formação de laços interorganizacionais, baseando-se em uma perspectiva voltada às redes sociais ou interpessoais.

Por meio do modelo elaborado, entende-se que seja possível explicar como se dá a formação de um laço interorganizacional a partir das redes interpessoais, sem deixar de considerar o papel do contexto no qual uma organização está imersa. Isto é possível por meio da análise das três variáveis propostas, sendo que é verificada a multiplicidade dos laços existentes entre duas organizações, o nível de interação entre os indivíduos que formam estes laços, bem como o grau de influência destes na organização.

Granovetter, M. (2017). Society and economy: Framework and principles. Harvard University Press. Bliemel, M. J., McCarthy, I. P., & Maine, E. M. (2014). An integrated approach to studying multiplexity in entrepreneurial networks. Entrepreneurship Research Journal, 4(4), 367-402. Brailly, J., Favre, G., Chatellet, J., & Lazega, E. (2016). Embeddedness as a multilevel problem: A case study in economic sociology. Social Networks, 44, 319-333. Hollway, J., & Koskinen, J. (2016). Multilevel embeddedness: The case of the global fisheries governance complex. Social Networks, 44, 281-294.