Resumo

Título do Artigo

“SE NÃO HOUVESSE ESPERANÇA, NÃO ESTARÍAMOS NESTA LUTA”: um olhar para a carreira de profissionais que orientam jovens infratores
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Palavras Chave

Carreira
Jovem infrator
Medida socioeducativa

Área

Gestão de Pessoas

Tema

Carreiras e Competências

Autores

Nome
1 - Danilo Andretta
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP) - ESALQ
2 - Heliani Berlato
Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz - ESALQ/USP - Esalq

Reumo

As pesquisas sobre carreira têm apresentado mudanças significativas nos enfoques. O entendimento de carreira tradicional, como progressão estável e previsível através de cargos em organizações, foi suplantado por perspectivas mais individuais. Contudo, os estudos ainda sustentam visão positivista. Mais recentemente, emergiu uma nova abordagem alicerçada no construcionismo. Alçando a compreensão da carreira a partir de narrativas individuais, esta abordagem privilegia a construção de significados para as experiências de trabalho a partir da interação entre indivíduos e contextos (STEAD, 2002).
Como forma de ampliar a abordagem construcionista de carreira, este estudo teve como objetivo compreender a construção psicossocial de carreira de profissionais que trabalham com jovens infratores, em uma organização da sociedade civil destinada à aplicação de medidas socioeducativas.
Os estudos de carreira vêm apresentando novas abordagens teóricas como forma de compreender as trajetórias profissionais. Uma dessas abordagens é o construcionismo, que compreende a carreira como interação individual e social, demarcando a produção de significado sobre vivências profissionais (YOUNG; COLLIN, 2004). Posto isso, explora-se o trabalho do orientador de medida socioeducativa, o qual surge no âmbito do cumprimento da liberdade assistida de jovens infratores. Esta medida tem por objetivo reinserir o jovem socialmente, minimizando sua vulnerabilidade (ECA, 1990).
Este estudo tem caráter qualitativo e descritivo. Foram realizadas oito entrevistas semiestruturadas com orientadores de medida que atuam em uma organização da sociedade civil. Os entrevistados assinaram o termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Para ampliar a visão sobre o trabalho dos orientadores, foi realizado um acompanhamento das atividades destes profissionais durante sete dias. A técnica de pesquisa que sustentou esta escolha foi a observação participante (ANGROSINO, 2009). Para a análise das entrevistas, utilizou-se a técnica de Análise de Discurso (ORLANDI, 2005).
Da análise dos dados emergiram três categorias. A primeira categoria, “O valor do trabalho está nas pequenas conquistas”, diz respeito à valorização do trabalho do orientador quando o jovem infrator entende a proposta da medida e decide mudar sua trajetória. A segunda, “Conquistando espaços e direitos”, aborda a problemática dos espaços e direitos sociais, identificando a estrutura social que produz vulnerabilidades. A terceira, “A esperança que mantém a luta”, reforça a persistência destes profissionais para a mudança da vida dos jovens, mesmo diante das dificuldades.
Observou-se que a carreira dos orientadores de medidas é construída a partir das interações sociais que eles estabelecem com os adolescentes que são acompanhados por eles. A visão de mundo que é produzida diariamente é um reflexo do contato com a história de vida dos jovens. Assim, do mesmo modo que os orientadores têm como objetivo ressignificar a trajetória pessoal dos jovens de modo produzir seres capazes de alterar sua própria realidade social, estes jovens também ressignificam as trajetórias profissionais dos orientadores à medida que constroem vínculos e compartilham suas experiências.
ANGROSINO, M. Etnografia e a observação participante. Porto Alegre: Artmed, 2009. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. STEAD, G. B. Culture and career psychology: a social construccionist perspective. Journal of Vocational Behavior, v. 64, pp. 389–406, 2004. YOUNG, R. A.; COLLIN, A. Introduction: Constructivism and social constructionism in the career field. Journal of Vocational Behavior, v. 64, n. 3, pp. 373–388, 2004.