Resumo

Tanto no cenário internacional quanto no nacional, é possível observar uma demanda crescente pela inserção da educação para sustentabilidade (Eps) no ensino superior em Administração. As universidades são capazes de proporcionar aprendizados fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa. Nesta pesquisa, a ênfase será no enraizamento da sustentabilidade nas grades curriculares dos cursos de Administração do Brasil. Para transformar o conhecimento em ação para o desenvolvimento sustentável, ainda que não suficiente, a reorientação curricular é necessária.

Apesar da intensa discussão, no Brasil, não há informações sistematizadas, abrangentes e recentes a respeito da inserção da temática da sustentabilidade nos currículos dos cursos de Administração. Tampouco, informações concretizadas IES participantes do PRME. Com o propósito de preencher esta lacuna, o presente artigo foi desenvolvido com os seguintes objetivos i) identificar o panorama da inserção da temática da sustentabilidade nos cursos de Administração das universidades brasileiras; e ii) analisar este panorama comparativamente às IES participantes do PRME, no Brasil.

O tópico discute principalmente a sustentabilidade no ensino superior em Administração, que é desafiada devido a um histórico em que a visão predominante é estritamente voltada para o mercado. São apresentados alguns esforços para mudar essa realidade, como os Principles for Responsible Management Education (PRME), instituídos em escala global que buscam a transformação no ensino em Administração a fim de tornar as empresas mais responsáveis. Também se discute como a sustentabilidade vem sendo inserida nos currículos acadêmicos de Administração no Brasil e as principais dificuldades encontrada

A pesquisa é de natureza qualitativa e descritiva, realizada a partir de dados secundários. Partiu-se do universo das 100 primeiras universidades colocadas no Ranking Universitário Folha (RUF), considerando na classificação, as universidades e cursos de Administração. Foram selecionadas as universidades cujos cursos apresentassem nota 5 no Enade e que tivessem disciplinas relacionadas à sustentabilidade, com ementa disponível e compatível. Foram analisadas as ementas de 21 disciplinas, em 17 cursos que foram comparadas com IES signatárias do PRME.

Os resultados encontrados corroboram com estudos anteriores, e demonstram que a EpS, via inserção curricular, nos cursos de Administração, nas melhores universidades do país e nas IES signatárias de uma iniciativa global da ONU – o PRME, ainda está em seus estágios iniciais. A falta de representatividade de uma das regiões do país – Norte –, o baixo índice de universidades participantes das amostras – pouco mais de um terço –, a incidência razoável de disciplinas facultativas que não garantem a formação do estudante.

Os achados deste estudo demonstram que a realidade brasileira do ensino superior parece não acompanhar o movimento em prol da EpS no mundo. Mas, embora haja críticas e dificuldades quanto à criação de uma disciplina específica para a inserção da sustentabilidade no ensino, não se pode deixar de buscar soluções. A revisão e renovação dos projetos pedagógicos são necessárias e urgentes. São sugeridas disciplinas relativas à sustentabilidade, de modo que agreguem conhecimentos específicos e que conversem com outras áreas relacionadas a gestão, assim como com o próprio ambiente corporativo.

Brunnquell, C., Brunstein, J., & Jaime, P. (2015). Education for sustainability, critical reflection and transformative learning: professors’ experiences in Brazilian administration courses. Int. J. of Innovation and Sustainable Development, 9(3/4), 321-342. Dyllick, T. (2015) Responsible management education for a sustainable world: The challenges for business schools, J. of Management Development, 34, 16-3. Lozano, R. et al. (2015). A review of commitment and implementation of sustainable development in higher education: Results from a worldwide survey. J. of Cleaner Production, 108, 1–18.