Resumo

O componente humano é considerado cada vez mais um fator chave nas questões relativas à implementação de ações sustentáveis. Alguns estudos reconhecem que os comportamentos levam em conta o contexto em que o indivíduo está inserido. Nesta perspectiva, foi criado o termo Comportamento de Cidadania Organizacional para o Meio-Ambiente (OCBE), levando-se em conta as configurações do trabalho. Dentre os possíveis antecedentes desse tipo de comportamento, o comprometimento organizacional tem sido bastante discutido na literatura.

O papel que o comprometimento organizacional exerce sobre o OCBE ainda é indefinido, pois ora é tratado como antecedente desse comportamento, ora é tratado como mediador na relação entre normas e valores dos indivíduos e o OCBE. Neste sentido, este estudo tem por objetivo abordar o papel do comprometimento organizacional no surgimento do OCBE.

Iniciativas individuais podem ter grande impacto no desempenho ambiental das organizações, em escala e escopo (LAMM, TOSTI-KHARAS & WILLIAMS, 2013). O Comprometimento Organizacional se refere ao quão disposto o indivíduo está a auxiliar a Organização na consecução dos seus objetivos (PORTER ET AL., 1974), inclusive objetivos sustentáveis. Dilchert (2012) salienta que o comportamento sustentável foi estudado nas esferas pública e privada, mas não levando em conta as configurações do trabalho. Para sanar esta lacuna, os pesquisadores criaram a OCBE.

O grande ponto da questão aqui é que diversas pesquisas têm estudado o comprometimento organizacional como antecedente do OCBE, a maioria comprovou empiricamente que existe uma relação positive entre comprometimento organizacional e OCBE. No entanto, de acordo com a Teoria da Ativação da Norma, o componente referente a valores pessoais e morais precisaria ser considerado. Afinal, um indivíduo que tenha fortes sentimentos positivos com relação ao meio-ambiente, precisará de pouco da organização para se engajar no OCBE.

Autores como Ciorcilan (2017), ao identificarem indivíduos com forte predisposição a praticarem atos sustentáveis, seja em sua vida privada ou no trabalho, deixa pouca margem a influências organizacionais nesse processo, assim o comprometiemento organizacional também não poderia ser uma variável mediadora, pois há casos em que o indivíduo age simplesmente movido por valores e normas pessoais voltados para a sustentabilidade. Neste caso, utilizar o comprometimento organizacional como variável moderadora na relação entre normas pessoais e OCBE é bem mais coerente.

DILCHERT, Stephan; ONES, Deniz S. Environmental sustainability in and of organizations. Industrial and Organizational Psychology, v. 5, n. 4, p. 503-511, 2012. LAMM, Eric; TOSTI-KHARAS, Jennifer; WILLIAMS, Eric G. Read this article, but don’t print it: Organizational citizenship behavior toward the environment. Group & Organization Management, v. 38, n. 2, p. 163-197, 2013. PORTER, Lyman W. et al. Organizational commitment, job satisfaction, and turnover among psychiatric technicians. Journal of applied psychology, v. 59, n. 5, p. 603, 1974.