Resumo

O campo do empreendedorismo feminino têm se voltado para o entendimento das relações sociais e do convívio em redes como aspectos centrais para a mulher empreendedora. Os laços da rede de uma empresa fornecem condutas, pontes e caminhos através dos quais ela pode encontrar e acessar oportunidades e facilitar o crescimento e o bom desempenho (HITE, 2005; DUCCI; TEIXEIRA, 2011). Dessa forma, as tecnologias têm influenciado os relacionamentos entre pessoas e as redes sociais online promovem o contato com outras pessoas ou conexões de vários mundos sociais (OLLIER-MALATERRE; ROTHBARD; BERG, 2013).

Tem-se a seguinte questão: como o uso das redes sociais online contribuem para as mulheres empreendedoras? Para responder a esse questionamento, este estudo tem como objetivo compreender como as redes sociais online contribuem para a atuação de mulheres empreendedoras. Busca-se, portanto, analisar os tipos de laços que são formados com a participação de empreendedoras em redes sociais online; identificar os níveis de relações presentes em tais redes; e, verificar os benefícios adquiridos pelas empreendedoras em decorrência dessa participação.

Como embasamento teórico, trabalha-se a perspectiva dos níveis das relações sugeridas por Filion (1991): primárias, secundárias e terciárias. Acrescenta-se a perspectiva da intensidade dos laços sociais, que podem ser fortes e fracos (GRANOVETTER, 1973). Com base nos trabalhos de Drummond, McGrath, O'Toole (2018) e Smith, Smith e Shaw (2017) identifica-se os benefícios vindos com a participação das empreendedoras em redes sociais online, dentre eles as interações e o engajamento dos atores da rede, busca e compartilhamento de informações, colaboração, coordenação e reconfiguração de processos.

O estudo representa uma pesquisa exploratória, utilizando-se de entrevistas narrativas, realizadas no período de Março a Abril de 2019, com empreendedoras do Rio Grande do Norte, que foram selecionadas por meio de uma amostra por acessibilidade, adotando-se a técnica da bola de neve. Para a abordagem do tratamento qualitativo dos dados foi utilizada a Análise de Conteúdo, proposta por Bardin (2011), com o uso da técnica de análise categorial ou temática.

Identificou-se que as redes permitem a conversão de laços fracos em laços fortes, como também que os relacionamentos se dão entre os três níveis (primário, secundário e terciário), abrangendo relações em torno de uma atividade determinada, relações familiares e união para formação de redes. Os benefícios detectados foram classificados em seis categorias: Interação e engajamento nas relações digitais, Busca e compartilhamento de informações, Colaboração, Coordenação e reconfiguração de processos, Visibilidade e Perfis.

As participantes mostraram a importância do uso das redes ao ressaltar desde a contribuição para o se tornar empreendedora (nascimento de um negócio), quanto na divulgação, formação de laços e otimização da gestão de seus empreendimentos. Elas também expuseram um lado negativo das redes sociais online, ainda assim, ao expor, reforçavam que o benefício era maior que o prejuízo. Percebeu-se a realização de um trabalho extra por parte das empreendedoras no intuito de atingir seu público-alvo, visto que há muita dedicação de tempo para a criação de conteúdo, bem como para responder aos contatos.

ALDRICH, H. Networking among women entrepreneurs. Women-owned businesses, v.103, p.132,1989. DRUMMOND, C; MCGRATH, H; O'TOOLE, T. The impact of social media on resource mobilisation in entrepreneurial firms. Industrial Marketing Management, v.70, p 68-89, 2018. FLICK, U. Introdução a pesquisa qualitativa. 3.ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. GRANOVETTER, M. S. The strength of weak ties. American journal of sociology, v.78, n.6, p.1360-1380,1973. SMITH, C.; SMITH, J. B.; SHAW, E. Embracing digital networks: Entrepreneurs' social capital online. Journal of Business Venturing, v.32, n.1,p.18-34,2017