Resumo

O desenvolvimento da carreira insere-se em um conjunto de principais interesses que envolvem os indivíduos ao longo de suas vidas. Atualmente, a responsabilidade por esse desenvolvimento é direcionada substancialmente aos próprios indivíduos – o que, outrora, era destinado às organizações. Diante da relevância da atuação do indivíduo, muitos estudos vêm sendo desenvolvidos na academia, incluindo a gestão de carreira, os seus significados e as dificuldades percebidas para o avanço na carreira. Busca-se, neste estudo, relacionar tais dificuldades com a maneira como estas podem ser enfrentadas.

O artigo tem por objetivo compreender como percepções de barreiras de carreira direcionam estratégias de coping de mestres acadêmicos em Administração recém-formados em uma Instituição de Educação Superior (IES). Pretende-se preencher a lacuna na literatura por meio do entendimento aprofundado de como um grupo específico de indivíduos lidam com as barreiras percebidas que dificultam o seu desenvolvimento na carreira por meio de estratégias de enfrentamento.

O embasamento teórico englobou as novas significações de carreira, as barreiras de carreira e as estratégias de coping. Na atualidade a carreira é definida como o conjunto de cognições, necessidades, expectativas, sentimentos e comportamentos dos indivíduos, envolvendo um processo de autodesenvolvimento orientado por propósitos de trabalho e vida. As barreiras de carreira são as percepções individuais de empecilhos que dificultam o progresso na carreira. As estratégias de coping são definidas como esforços conscientes praticados pelos indivíduos para enfrentar um fenômeno adverso específico.

Optou-se pelo enfoque de pesquisa qualitativa com a finalidade de alcançar a intimidade com o fenômeno em estudo por meio da interpretação de experiências, dúvidas e planos que permeiam as percepções dos sujeitos sobre o desenvolvimento da carreira. O público alvo concentrou-se em mestres acadêmicos em Administração recém-formados em uma Instituição Pública de Educação Superior. A coleta de dados baseou-se em entrevistas semiestruturadas e em profundidade. Para a análise de dados, foram utilizados critérios explícitos de codificação por meio de análises comparativas contínuas.

O argumento central deste estudo fundamentou-se no entendimento de que, indivíduos que apresentam crenças pessimistas de mercado e que estão indecisos com a carreira, direcionam as estratégias de enfrentamento dessas dificuldades por meio da constante auto reflexividade de experiências. Dessa forma, os indivíduos tomam consciência das experiências vividas e de pensamentos próprios. Conduzem, para tanto, inúmeras ações de flexibilidade no momento atual em relação aos objetivos de carreira, e utilizam um apego emocional fortemente ligado às memórias passadas de suas carreiras e vidas.

As barreiras percebidas compreenderam aspectos externos, referentes ao ambiente, e aspectos internos, relacionados a si próprios. O questionamento “títulos para colocar na gaveta?” configura uma explanação das crenças de pessimismo de mercado e de indecisões de carreira dos jovens mestres. Com este estudo, o conjunto de tais crenças perpassou pelo processo da auto reflexividade de experiências para que, assim, ocorresse a evidenciação das estratégias de enfrentamento utilizadas pelos jovens mestres. Revelou-se, nesse sentido, a combinação de estratégias de coping produtivas e não produtivas.

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