Resumo

Título do Artigo

“Submeta-se a Mim ou Vou Te Cercar, Vou Te Cercear, Vou Te Violentar”: Considerações sobre Assédio Sexual no Trabalho e Direcionamentos para Pesquisas
Abrir Arquivo

Palavras Chave

Assédio Sexual no Trabalho
Violência Sexual
Violência de Gênero

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Genero, Diversidade e Inclusão nas Organizações

Autores

Nome
1 - Marcelo Augusto Finazzi Santos
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA (UNB) - Brasília
2 - Marcus Vinicius Soares Siqueira
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA (UNB) - DF
3 - Mariana Carolina Barbosa Rêgo
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA (UNB) - PPGA

Reumo

Expressar interesse por uma mulher, em países latinos, é visto como prova de afirmação da masculinidade, o que legitima simbolicamente investidas sexuais de homens sobre mulheres. Dessa forma, temos que as “organizações”, na qualidade de microcosmo social, não poderiam estar incólumes ao problema, nomeando-se esse fenômeno como assédio sexual no trabalho. De acordo com a OIT, estima-se que metade das mulheres economicamente ativas sofram um episódio de assédio sexual durante a vida laboral, o que evidencia a importância de pesquisas sobre o fenômeno.
O objetivo do trabalho é apresentar elementos conceituais sobre assédio sexual no trabalho, articulando os princípios sociológicos que trouxeram o fenômeno à tona, nos anos 1970, às bases conceituais que se estabeleceram ao longo das últimas quatro décadas de estudos. Problematiza-se, então, proposta de agenda temática para pesquisas. Para tanto, optou-se por um apanhado abrangente de literatura relacionada a teoria e pesquisa no campo com foco nos artigos clássicos publicados entre os anos 1970/1990, considerando que se trata de postulados basilares que perduram como referenciais até hoje.
O campo se estrutura mediante abordagem pragmática, cujo refinamento está mais no método, com o emprego de sofisticadas técnicas estatísticas, do que em teorizações complexas. Há um problema prático a ser resolvido, o assédio sexual é realidade no mundo do trabalho, causa sofrimento para muitas mulheres e prejuízos às organizações. Por esse motivo, as pesquisas vão se centrar em três questões: o que explica o assédio sexual? Qual sua dinâmica de funcionamento? E, quais as consequências resultantes, com intuito de preveni-lo? (STOCKDALE, 1996).
As discussões concatenam relações de causa e efeito sobre o fenômeno, ou seja, a dinâmica interna apartada da dinâmica sociocultural. Com foco na instrumentalização de interesses práticos, como redução de prejuízos (processos, absenteísmo, despesas médicas), além de danos à imagem da organização, as teorizações sobre assédio sexual priorizam estudar a “função” a partir de uma estrutura tomada como estanque, como ilustra a equação de Fitzgerald e Shullman (1993, p. 20), para quem o assédio sexual está em função da organização, alvo e agressor [ASSÉDIO SEXUAL = ƒ(Organização X Alvo X Agressor)].
Embora se estude tanto, pouco se conhece sobre a etiologia do fenômeno (O’DONOHUE; DOWNS; YEATER, 1998). Mais além, embora tanto se estude, não há sinais de que o assédio sexual deixará de dar as caras nas organizações. É assim que cada vez mais se sabe sobre a dinâmica interna do assédio sexual (suas funções) e tão pouco se sabe sobre a dinâmica externa (suas estruturas). Os alicerces sociais, históricos, políticos e econômicos, permanecem intactos e inquestionáveis e, em boa medida, uma incógnita, pois não se questionam as bases sociais que viabilizam o assédio sexual no trabalho.
FITZGERALD, L. F.; SHULLMAN, S. L. Sexual harassment: a research analysis and agenda for the 1990s. Journal of Vocational Behavior, v. 42, p. 5-27, 1993. O’DONOHUE, W.; DOWNS, K.; YEATER, E. A. Sexual harassment: a review of the literature. Aggression and Violent Behavior, v. 3, n. 2, p. 111-128, 1998. STOCKDALE, M. S. What we know and what we need to learn about sexual harassment. In: ______. (Ed.). Sexual harassment in the workplace: perspectives, frontiers, and response strategies (volume 5 – Women and Work). Thousand Oaks: Sage, 1996. cap. 1.