Resumo

Recentemente, e especialmente após a crise financeira de 2008 que afetou particularmente os países desenvolvidos, a economia mundial vem modificando seu foco de atenção, dado o crescimento econômico recente dos ditos países emergentes, entre eles os países do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Entretanto, a base teórica dos estudos sobre internacionalização é desenvolvida majoritariamente em países desenvolvidos. Assim, questiona-s a adequação das teorias tradicionais à realidade enfrentada pelas empresas de países emergentes em seu processo de internacionalização.

Realizar uma análise crítica de dez principais teorias de internacionalização e também identificar de que forma e quais destas teorias, são as mais aplicadas em uma perspectiva de país emergente, o Brasil. Sendo assim, o presente trabalho aborda a seguinte questão de pesquisa: a partir de uma perspectiva de um país emergente com respeito às principais teorias de internacionalização, quais teorias são mais utilizadas para elucidar processos de internacionalização na produção acadêmica brasileira na última década (2007-2017) registrada em periódicos da área de administração Qualis A?

Teorias Comportamentais Econômicas de internacionalização de empresas. As Comportamentais incluem: Modelo de Uppsala, Networks e Empreendedorismo Internacional. As econômicas incluem: Internalização e Custos de Transação, Paradigma Eclético, Teoria do Poder de Mercado, Ciclo do Produto e Vantagem Competitiva (BORINI et al, 2006). A Visão Baseada em Recursos (RBV) também é considerada como uma teoria dentro da abordagem econômica da internacionalização, segundo Mariotto (2007). Além destas, objetiva-se também analisar a teoria das born globals.

Através de revisão sistemática bibliográfica, foram encontrados 85 artigos em 12 diferentes periódicos A2 entre 2007 a 2017. Percebe-se tendência de crescimento nos artigos produzidos na área, com pico atingido em 2014. Quanto às teorias, há um predomínio da teoria de Uppsala (19% das citações), seguida da teoria de Internalização (16%), Paradigma Eclético (15%) e Networks (11%). Se formos considerar o conjunto das teorias comportamentais e econômicas, percebe-se um predomínio das teorias econômicas (58%), em relação às teorias comportamentais (36%), além de 6% da teoria das born globals.

Com relação à revisão teórica das principais teorias de internacionalização, conclui-se que há divergências entre as principais teorias de internacionalização e aplicabilidade limitada ao contexto da internacionalização de países emergentes. Entretanto, parece haver uma maior convergência das teorias comportamentais na explicação de processos de internacionalização de empresas de menor porte e também provenientes de países emergentes, comparado às teorias econômicas, cujo enfoque é maior no entendimento das multinacionais e da internacionalização de processos produtivos.

BORINI, F. M., RIBEIRO, F. C. F., COELHO, F. P., PROENÇA, E. R. O Prisma da Internacionalização: um estudo de caso. FACES R. Adm, v. 5 · n. 3 · p. 42-55, 2006. MARIOTTO, F. L. Estratégia Internacional da Empresa. São Paulo: Thomson Learning, 2007. Coleção Debates em Administração. 131 p.