Resumo

Título do Artigo

“DO SEU LIXO, MEU SUSTENTO...”: vivências de trabalho dos recicladores da Copercicla, uma análise sob a luz da psicodinâmica do trabalho
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Palavras Chave

Psicodinâmica do trabalho
Reconhecimento Profissional
Relações de Traabalho

Área

Gestão de Pessoas

Tema

Significado do Trabalho, Satisfação e Mecanismos de Recompensa

Autores

Nome
1 - Ana Paula da Silveira Nogueira
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA (UFU) - FACIP
2 - Noézia Maria Ramos
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA (UFU) - FACIP
3 - Odilon José de Oliveira Neto
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA (UFU) - FACIP
4 - JUSSARA GOULART DA SILVA
UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO (UNINOVE) - Campus Barra Funda

Reumo

O presenta artigo argumenta que as mudanças no contexto mundial em relação à organização do trabalho, estrutura funcional, visão do indivíduo no trabalho, bem como função e lugar do trabalho na sociedade, são temas cada vez mais pertinentes. O objeto de estudo ser uma cooperativa de reciclagem é justificável por ser uma prática que surgiu diante da precarização do trabalho decorrente do modo de produção capitalista. A relevância é por ser um campo de conhecimento em construção.
O presente artigo teve como objetivo geral analisar as vivências de trabalho dos recicladores da cooperativa Copercicla. Os objetivos específicos são: analisar a organização do trabalho; Diagnosticar as condições do trabalho; Identificar as relações de trabalho; Mensurar as vivências de prazer e sofrimento no trabalho; e, Verificar as estratégias de enfrentamento no trabalho.
Como referencial teórico percebeu-se que a conceituação da psicodinâmica do trabalho iniciada na década de 1950 com Dejours foi fundamental pois o trabalho não é apenas uma atividade, mas uma forma de relação social caracterizado por relações de desigualdade, de poder e de dominação. Esse conflito pode dar origem ao sofrimento, ou criar uma estratégia defensiva que são mecanismos transformadores da realidade que o faz sofrer.
O método utilizado para análise é de caráter qualitativo, embasado no aporte teórico da Psicodinâmica do trabalho. Por meio de entrevistas individuais semi-estruturadas e observação direta do dia-a-dia de trabalho foram analisadas: a organização do trabalho; Condições do trabalho; Relações de trabalho; Vivências de prazer e sofrimento e Estratégias de enfrentamento no trabalho. Optou-se pela análise de conteúdo a partir da fala dos cooperados.
Nos resultados uma categoria merece destaque, é a que diz respeito as relações de trabalho estabelecidas na cooperativa. Identificou-se que, as mesmas são vivenciadas como sendo “uma das coisas mais difíceis” de se trabalhar na cooperativa, pois estas são consideradas pesadas e complicadas, tanto que, a maioria prefere o trabalho realizado na rua. Essa preferência deixa implícito o fato de que se sentem mais livres e menos pressionados pelos colegas quando estão realizando o trabalho externo.
Conclui-se que mesmo os resultados demonstrarem que mesmo sendo árduo o trabalho realizado pelos cooperados, mesmo não existindo reconhecimento da sociedade, as vivências de trabalho experienciadas por eles perpassam pela lógica do próprio reconhecimento. No entanto, as condições e relações de trabalho na cooperativa merecem atenção pois desencadeiam sofrimento e resistência, o que muitas vezes, prejudica o rendimento do trabalho coletivo.
DEJOURS, C. A loucura do trabalho: estudo de psicopatologia do trabalho. São Paulo: Cortez-Oboré, 1992. ENRIQUEZ, E. A organização em análise. Petrópolis: Vozes, 1997. HELOANI, R.; LACMAN, S. Psicodinâmica do trabalho: o método clínico de intervenção e investigação. Revista Produção, v. 14, n. 3, p. 077-086, set./dez. 2004.MAGRO, M. L. P. D.; Coutinho, M. C. Os sentidos do trabalho para sujeitos inseridos em empreendimentos solidários. Psicologia em Estudo,13, 703-711, 2008. MENDES, A. M.; TAMAYO, A. Valores organizacionais e prazer-sofrimento no trabalho. PSICO/USF, v. 6, n. 1, p. 39-46, 2001