Resumo

Entender os efeitos da inovação e da propriedade intelectual sobre economia de empresas é fundamental para o desenvolvimento de estratégias econômicas eficientes. Notadamente, as patentes são ativos que protegem tecnologias, produtos ou processos novos, que possuem atividade inventiva, novidade e aplicação industrial, sendo recursos que podem gerar inúmeros benefícios e diferenciais para empresas. Enquanto isso, a aplicação em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) está relacionada ao investimento financeiro em inovação.

Apresenta-se como questão de pesquisa: considerando o contexto brasileiro, bem como as fragilidades das empresas nacionais no que se refere à inovação, até que ponto é vantajoso para a indústria brasileira efetivar estratégias de proteção da propriedade intelectual, notadamente de patentes, e investir em Pesquisa e Desenvolvimento? O presente estudo objetivou analisar a influência da propriedade intelectual (patentes) e do investimento em Pesquisa e Desenvolvimento na composição do valor de mercado estimado a partir do Q-Tobim.

Patentes, apesar de não serem indicadores perfeitos de inovação ou da capacidade inovadora de empresas, refletem o processo de inovação empresarial e a capacidade de geração de conhecimento (RODRÍGUEZ-POSE; WILKIE, 2016). Diante de suas características estratégicas, estudos anteriores avaliaram a capacidade dos ativos patentários influenciarem o valor ou o desempenho de empresas (CHEN et al., 2018). De mesmo modo, políticas que aprimoram o investimento em P&D tendem a ampliar o desenvolvimento econômico, sendo uma análise identificada na literatura (HUANG; WU; TSAI, 2016).

Foi elaborado um Modelo de Equações Estruturais (MEE) contemplando as relações entre patente e Q-Tobim e entre Pesquisa e Desenvolvimento e Q-Tobim, com efeito moderador da variável anos. O modelo de caminhos foi construído com PLS-SEM. A população corresponde às empresas da indústria de transformação brasileira, com listagem na Brasil, Bolsa, Balcão (B3). Foram estudadas 94 empresas, com dados dos anos 1998 a 2021 (24 anos), culminando em 2.256 observações. Os dados, inicialmente numéricos, foram transformados em escalares variando de 1 a 5, viabilizando a MEE.

Percebeu-se efeito positivo de depósitos de patentes, das concessões de patentes e dos depósitos de patentes de invenção e de modelos de utilidade sobre o Q-Tobim. Assim, estratégias de patenteamento ampliam o valor de mercado de empresas no Brasil. Além disso, a variável Pesquisa e Desenvolvimento Setorial Médio, composta por atividades internas e externas de P&D, gerou efeito positivo sobre o valor empresarial, significando que há repercussão positiva do mercado a partir de iniciativas de inovação. O coeficiente de determinação da variável dependente foi de 31,4%, sendo alto e expressivo.

O modelo comprova as relações entre patentes e valor de mercado, bem como entre investimento em pesquisa e desenvolvimento e valor de mercado nas empresas da indústria de transformação do Brasil. Além disso, apresenta um coeficiente de determinação de 31, 4% sobre o valor empresarial, que é considerado alto, dado que o modelo está concentrado apenas em aspectos de inovação, desconsiderando outras estratégias empresariais. Assim, demonstrou-se a importância da inovação nas empresas brasileiras, seja pelo prisma do investimento em P&D, seja pelos resultados em patenteamento.

CHEN, L.Y.; LAI, J.H.; CHANG, S.C.; HUNG, Y.-S. Organisational Form and the Economic Impacts of Innovation: The Case of Patent Grant Announcements. Technology Analysis & Strategic Management, v. 30, n. 9, 2018. HUANG, S.Z.; WU, T.J.; TSAI, H.T. Hysteresis Effects of R&D Expenditures and Patents on Firm Performance: An Empirical Study of Hsinchu Science Park in Taiwan. Filomat, v. 30, n. 15, 2016. RODRÍGUEZ-POSE, A.; WILKIE, C. Putting China in Perspective: A Comparative Exploration of the Ascent of the Chinese Knowledge Economy. Cambridge Journal of Regions, Econ. and Soc., v. 9, n. 3, 2016.