Resumo

Embora o tema sucessão seja recorrente em pesquisas, ainda assim, trata-se de uma temática que "explora uma dinâmica particular e essencial à sobrevivência de empresas familiares” (BORGES, LESCURA, 2020, p. 11). Sendo assim, pesquisas que abordem as particularidades de cada empresa familiar, podem contribuir para compreensão, na medida em que a existência de diferentes condicionantes, levam a diferentes processos sucessórios.

Este trabalho busca responder a seguinte questão: Como o processo sucessório vem sendo articulado em empresas familiares de pequeno porte do setor de serviço, no Espírito Santo, geridas pelo seu fundador?

Leone (1992) define empresa familiar como a organização que apresenta as seguintes características: fundada por um membro de uma família, possui membros dessa mesma família integrando a direção ou sendo contemplados com a propriedade da empresa, possui valores conectados com os valores da família ou do próprio fundador e, por fim, cujo processo sucessório será influenciado pela descendência familiar. A sucessão pode ser caracterizada como “um processo de transferência do poder” (LODI, 1987, p. 9).

A presente pesquisa apresenta natureza qualitativa descritiva. O processo de coleta de dados foi realizado por meio de entrevistas semiestruturadas e os participantes pesquisados foram selecionados seguindo o seguinte critério: serem fundadores de empresas familiares de pequeno porte localizadas no estado do Espírito Santo. As entrevistas foram realizadas de forma presencial. Os dados foram analisados com base na análise temática.

Quanto às principais práticas relacionadas a um processo sucessório satisfatório adotadas por cada uma das empresas entrevistadas, constatou-se que: nenhuma delas possui presença de conselho consultivo, previsão de afastamento do fundador e política de seguridade financeira para os sucedidos. Apenas a Empresa R possui preparação do sucessor fora da organização. Todas as empresas possuem estratégias de sobrevivência a longo prazo. Apenas a Empresa P não possui preparação do sucessor dentro da organização e propensão do sucessor de assumir a empresa.

Pode-se inferir que as três empresas possuem articulações quanto ao seu processo sucessório. A Empresa P encontra-se mais próxima de uma possível profissionalização ou venda do negócio. A Empresa R possui um processo sucessório mais articulado, visto que um dos filhos demonstra interesse em assumir o negócio. A Empresa L conta com o processo sucessório mais articulado dentre as três empresas entrevistadas, pois possui, comparando-se com as empresas R e P, o maior número de práticas encontradas na literatura.

BORGES, A. F.; LESCURA, C. Evolução da Pesquisa Sobre Empresas Familiares no Brasil: Análise da Produção Científica no Período 2010-2019. In: Encontro da Associação Nacional de Pósgraduação e Pesquisa em Administração, 44., 2020, on-line. Anais eletrônicos [...]. Maringá: Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração, 2020; LEONE, N. M. C. P. G.A sucessão em pequena e média empresa comercial na região de João Pessoa. RAUSP Management Journal, v. 27, n. 3, p. 84-91, 1992; LODI, J. B. Sucessão e conflito na empresa familiar. São Paulo: Pioneira, 1987.