Resumo

Os cuidados de saúde são constituídos de estruturas e procedimentos padronizados, porém, ainda é possível realizar adaptações, a fim de prestar os serviços de forma a atender as necessidades específicas dos usuários e prestadores da área, visando o aumento da eficiência e eficácia dos processos. O comportamento inovador na área da enfermagem é um dos responsáveis por proporcionar maior qualidade e eficiência na assistência ao cliente. (BAGHERI; AKBARI, 2006; WANG et al., 2019), podendo assumir a liderança na implantação de novas ideias que impactam também nos resultados da organização.

Existe uma necessidade em desenvolver comportamento inovador nos profissionais, para que seja possível aumentar os resultados de inovação na área da saúde. Entre os estudos já realizados, observou-se que o comportamento inovador nas organizações resulta em crescimento para o negócio, oferece novas oportunidades e impacta positivamente na vantagem competitiva e na satisfação do colaborador. O objetivo deste estudo foi analisar o comportamento inovador dos enfermeiros a partir das suas características individuais e do suporte à inovação dado pela organização situada na região sul do Brasil.

Lukes e Stephan (2017) descrevem um conjunto de comportamentos específicos que constituem conceitos mais amplos de comportamento inovador. Os autores desconsideram os traços de personalidade para focar nos comportamentos específicos, que constituem conceitos mais amplos que são avaliados pelo Innovative Behavior Inventory (IBI). Adicionalmente os autores apresentam o Innovation Support Inventory (ISI) que avalia o suporte dado pela organização para a manifestação do comportamento inovador.

Foi realizada uma pesquisa descritiva e transversal, com a utilização de método mistos. Para a coleta de dados quantitativa foram utilizados o Inventário de Comportamento Inovador (IBI) e o Inventário de Apoio à Inovação (ISI), de Lukes e Stephan (2017). Na etapa qualitativa foram realizadas entrevistas em profundidade com um roteiro semiestruturado de questões que teve como base as dimensões do IBI e do ISI. Os dados quantitativos foram tratados de forma através da média das variáveis e dos construtos que compõe o IBI e ISI e os qualitativos utilizaram a técnica de análise de conteúdo.

As dimensões do comportamento inovador (IBI) foram avaliados pelos construtos: geração, pesquisa, comunicação, implementação das ideias, envolvimento de outros, superação de obstáculos e resultados da inovação. Os índices de concordância das avaliações variaram de 3,6 a 4.2. Nas dimensões do suporte à inovação (ISI) - gerencial, organizacional e cultural – os índices variaram de 3,3 a 3,0. Todos os resultados foram confirmados pelas entrevistas em profundidade que destacaram o apoio da gestão imediata e dos projetos que fomentam novas ideias como promotores do comportamento organizacional.

Na perspectiva dos respondentes o comportamento inovador se apresenta nas dimensões de pesquisar, gerar e comunicar ideias, entretanto apresenta menor grau de concordância nas dimensões de superação de obstáculos e nos resultados. O apoio do superior imediato é reconhecido para o acolhimento das ideias, mas o suporte dado pela organização é baixo, enfatizado pela falta de uma estrutura formal de reconhecimento e de acompanhamento das ideias. Dois aspectos da cultura organizacional, relevantes para o comportamento inovador, foram identificados: tolerância ao erro e valorização ao ser humano.

BAGHERI, A.; AKBARI, M. The impact of entrepreneurial leadership on nurses’ innovation behavior. Journal of Nursing Scholarship, v. 50, n. 1, 2018. LUKES, M.; STEPHAN, U. Measuring employee innovation: a review of existing scales and the development of the innovative behavior and innovation support inventories across cultures. International Journal of Entrepreneurial Behavior & Research, v. 23, n. 1, 2017. WANG, Y. X. et al. The mediating role of inclusive leadership: work engagement and innovative behaviour among Chinese head nurses. Journal of Nursing Management, v. 27, n. 4, 2019.