Resumo

A indústria cinematográfica movimenta expressivos investimentos em técnicas de produção e demais tecnologias para a realização de remakes, live actions e sequências de obras originadas nos anos 1980 até a década de 2000. Essas produções, como Top Gun, Aladdin e O Rei Leão, são distribuídas por grandes estúdios e têm obtido grande sucesso financeiro, se enquadrando como exemplos para um fenômeno que fundamenta boa parte do expressivo interesse do público por essas produções, este que pode ser explicado pelo consumo nostálgico.

Considerando que nos últimos anos, remakes de títulos bem-sucedidos nos cinemas mundiais vêm conquistando um expressivo espaço na indústria cinematográfica, alavancados pela tendência de consumo nostálgico, o desenvolvimento desta pesquisa se orienta pelo objetivo de compreender como a nostalgia é (re) significada na experiência de consumo de remakes cinematográficos, enquanto artefatos culturais.

Nostalgia está associada a uma espécie de saudade de um passado perdido, principalmente em relação a algo que foi vivido e experimentado na infância e juventude. As imagens, sons, cheiros e sabores evocam memórias pessoais e o desejo de reviver sensorialidades e emoções desse período de formação dos indivíduos (RIBEIRO, 2018). Os títulos e produções cinematográficas são artefatos culturais para um público nostálgico por esse passado, configurando-se como um traço de uma época, um tempo perdido na atualidade, passível de ser revisitado e consagrado por novas adaptações (PARMINDO, 2021).

Foi realizada uma pesquisa de caráter exploratório, com uma abordagem mista, realizada em duas etapas: a primeira contemplando uma abordagem qualitativa, que utilizou a técnica projetiva, que prevê registrar as reações dos indivíduos, utilizando estímulos indutores, tanto verbais, como frases, palavras ou expressões, quanto não verbais, como imagens fixas ou em movimento, com dez participantes. A segunda através de uma pesquisa quantitativa, do tipo survey, que contou com 117 questionários válidos, com participantes representados em uma amostra com recorte de idade entre 20 e 35 anos.

Verifica-se o aspecto nostálgico dos remakes, com o público aceitando a possibilidade de consumir a história novamente, tendo, porém, condições para tal, como a presença dos filhos ou a reintrodução da obra como remake. Ainda assim, ressalvas são evidentes, havendo frustração com os remakes em uma parcela do público, que demonstra um certo protecionismo com as obras originais. Percebe-se, porém, a preferência pelo consumo de obras inéditas, e, no processo de consumo dos remakes, acima de tudo, a busca por um tipo de prazer emocional proporcionado pelo sentimento acerca da obra em questão.

O consumo nostálgico de remakes é motivado pelo prazer emocional e pela busca por reviver memórias do passado. Tais aspectos associam-se, através da nostalgia, a um sentimento de felicidade e conforto, além de retomar lembranças positivas. Os consumidores desejam obras que sejam fiéis às originais, mas também valorizam a inovação tecnológica. No entanto, é importante considerar que a exploração comercial da nostalgia pode limitar a disseminação de novas ideias e levar à saturação do mercado de remakes, sendo necessário promover uma abordagem responsável e artística na produção cinematográfica.

BOYM, S. Mal-estar na nostalgia. História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, Ouro Preto, v. 10, n. 23, 2017. PARMINDO, F. S. Nostalgia via streaming. albuquerque: revista de história, v. 14, n. 28, p. 141-156, 16 dez. 2022. RIBEIRO, A. P. G. Mercado da nostalgia e narrativas audiovisuais. Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-Compós, Brasília, v. 21, n. 3, set/dez. 2018.