Resumo

Em 2022, aproximadamente 56% da população mundial vivia em cidades e estima-se que em 2050, de cada 10 pessoas, 7 viverão em conurbações urbanas (ONU, 2020). Em paralelo, observa-se um crescimento na oferta de apartamentos cada vez menores, assim como de microapartamentos nos grandes adensamentos urbanos.

Uma vez que a população mundial está cada vez mais concentrada em áreas urbanas, nota-se um o aumento da oferta de apartamentos cada vez menores e o surgimento dos microapartamentos. Essas mudanças levantam questões sobre a motivação dessa nova oferta de apartamentos nas grandes cidades. Em face a isso, nosso objetivo neste artigo é analisar como está acontecendo a evolução da oferta de apartamentos pequenos e microapartamentos. Para tanto, utilizamos a interseção entre a Teoria das Transições Demográficas e a Teoria de Household Life Cycle.

As transformações demográficas, os novos arranjos familiares e os estilos de vida contemporâneos estão provocando alterações significativas na demanda e oferta de moradias (Soub & Memikoğlu, 2020). Ao analisarmos a literatura sobre Transições Demográficas e Ciclo de Vida dos Domicílios, podemos observar uma tendência crescente de diversificação dos formatos de moradia (López & González, 2018). Como resultado, a concentração significativa de pessoas nos centros urbanos, juntamente com a diversificação dos formatos domiciliares, está gerando uma oferta de apartamentos pequenos e microapartamento

Foi realizado uma análise de conteúdo a partir de dados secundários. O levantamento de dados das Leis de Zoneamento das cidades de Londres, Nova York, São Francisco e São Paulo foram utilizados como dados secundários. As Leis de Zoneamento foram obtidas por meio de fontes oficiais, como os websites das prefeituras e legislações municipais. Para triangulação de dados, utilizamos reportagens e informações disponíveis na mídia digital.

Após a análise, encontramos três grandes categorias que motivam a evolução da oferta de apartamentos pequenos e microapartamentos, que a partir da literatura nomeamos da seguinte forma: “Questões Regulatórias”, “Tendências de Mercado e Novos Arranjos Domiciliares” e “Outros Mercados”. Nas quatro cidades analisadas encontramos as motivações acima destacadas.

Os resultados apontam para a influência das regulamentações municipais e das transformações nos arranjos familiares como impulsionadores do surgimento de apartamentos progressivamente menores, culminando no desenvolvimento dos microapartamentos. Além de atrair jovens solteiros, casais sem filhos e pessoas que vivem sozinhas, observou-se também a identificação de um mercado emergente composto pela população idosa.

González, A. L., & González-González, M. J. (2018). Third demographic transition and demographic dividend: An application based on panel data analysis. Bulletin of Geography. Socio-economic Series, (42), 59-82. Soub, N. M. H., & Memikoğlu, İ. (2020). Exploring the Preferences for Micro-Apartments. Online Journal of Art & Design, 8(2). Population Division, United Nations Department of Economic and Social Affairs. (2022). World Population Prospects 2022: Summary of Results.