Resumo

Com as constantes e rápidas evoluções tecnológicas, as organizações enfrentam inúmeros desafios para manter sua competitividade em todos os setores. Segundo Murray-Rust (2008) surgiu um componente importante da ciência, o conceito de Open Data, que se refere a dados que podem ser livremente reutilizados e redistribuídos, permitindo o acesso, a reutilização e análise de dados. Neste contexto de abertura ao ecossistema digital e crescente integração, este artigo analisa o movimento conhecido como Open Finance, que significa "Sistema Financeiro Aberto" em português.

A implantação do Open Finance no Brasil teve o maior escopo e menor cronograma inicial em relação as demais implementações do mundo, mas durante a implementação houve postergações e alterações na estrutura do cronograma. Com isso surge a questão de foram os principais desafios para os profissionais que estiveram envolvidos no processo de implementação do Open Finance no Brasil e como estes foram solucionados ou endereçados. Dessa forma, o objetivo deste artigo é identificar quais foram os principais desafios e as principais lições aprendidas para implementação do Open Finance no Brasil.

A experiência de implantação na UK identificou alguns pontos de atenção, como a ausência de requisitos mais detalhados e os curtos prazos combinados com o grande número de participantes existentes (LEY & GALLO, 2016). Ademais, a falta de padrões para interfaces de comunicação dedicadas causou fragmentação, o que diminuiu a interoperabilidade e representou um obstáculo ao desenvolvimento de serviços/produtos no curto prazo (LEY, SCOTT & GALLO, 2018). O que resultou em lições aprendidas como a importância da abordagem regulatória para o sucesso da implantação (ARNER, BUCKLEY & ZETZSCHE, 2021).

A pesquisa foi realizada a partir de um levantamento de publicações recentes sobre o tema e, posteriormente, de uma pesquisa qualitativa exploratória, que incluiu a análise de entrevistas em profundidade com profissionais da área de Tecnologia da Informação que tiveram participação efetiva no processo de implementação do Open Finance no Brasil.

Os resultados das vinte e quatro entrevistas em profundidade com profissionais da área de tecnologia da informação, que estiveram diretamente envolvidos em alguma etapa do processo de implementação, foram transcritas e realizado inicialmente uma análise textual. Em seguida, as transcrições foram tratadas manualmente e seus os dados qualitativos foram analisados estatisticamente por diferentes técnicas.

A análise dos resultados possibilitou identificar algumas das principais lições aprendidas. Entre elas, destaca-se a importância de garantir a qualidade da documentação das especificações para assegurar a padronização da implementação. Além disso, é crucial alocar participantes bem capacitados nas discussões iniciais para garantir a premissa da assimetria entre os envolvidos. Também é fundamental estabelecer um ambiente de teste integrado para garantir a conexão entre eles e o princípio da interoperabilidade.

Murray-Rust, P. (2008). Open Data in Science. Nat Prec. Ley, S., & Gallo, V. (2016). UK: PSD2 RTS on authentication and communication: The devil is in the (lack of) details. Mondaq. Ley, S., Scott, A., & Gallo, V. (2018). European Union: Baby Steps, But No Giant Leap: PSD2 At Six Months Old. Mondaq. Arner, D. W., Buckley, B. P., & Zetzsche, D. A. (2021). Open Banking, Open Data and Open Finance: Lessons from the European Union. Editado por Linda Jeng, Oxford University Press.