Resumo

Título do Artigo

EMPREENDEDORISMO CULTURAL, REDES E PRÁTICAS AFETIVAS NO MERCADO POPULAR
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Palavras Chave

Empreendedorismo cultural
Redes
Prática afetiva

Área

Empreendedorismo

Tema

Redes de Empreendedores, Desenvolvimento Regional e Microempreendedorismo

Autores

Nome
1 - Xênia L'amour Campos Oliveira
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA (UFBA) - Núcleo de Pós-graduação em Administração
2 - Eduardo Paes Barreto Davel
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA (UFBA) - EAUFBA
3 - Neil Thompson
Vrije Universiteit Amsterdam - Management and Organization

Reumo

A consolidação do empreendedorismo como campo de pesquisa tem possibilitado o surgimento de novos estudos com foco no empreendedorismo em setores específicos, como nas indústrias culturais, criativas e artísticas. O vínculo entre o empreendedorismo e essas indústrias ajuda a estruturar e viabilizar a materialização de bens simbólicos, que além de apreciados por sua simbologia, necessitam de viabilidade econômica. O empreendedorismo cultural ressalta os valores simbólicos, estéticos e identitários dos bens e serviços, sem negligenciar a importância dos aspectos econômicos e o consumo.
Apesar da relevância das redes para o empreendedor cultural, aspectos importantes, como por exemplo, a dimensão afetiva das redes, tem sido negligenciada pelas pesquisas, tanto no campo de empreendedorismo quanto nos estudos sobre empreendedorismo cultural (Oliveira & Davel, 2022b). Embora existam alguns estudos dedicados às redes afetivas no âmbito organizacional ainda não existem pesquisas com foco nas redes afetivas do empreendedorismo. O objetivo deste artigo consiste em explicar como as práticas afetivas sustentam as redes do empreendedorismo cultural no contexto dos mercados populares.
Devido às singularidades do empreendedorismo cultural, os empreendedores que atuam nesse contexto enfrentam diferentes desafios para sustentar seus empreendimentos, dentre eles, inovar buscando um equilíbrio entre a novidade e a familiaridade, criando bens e serviços por meio de processos de criação de significado e construção de valor. Esses desafios exigem que esses empreendedores construam um conjunto de relacionamentos com parceiros externos e desenvolvam conhecimentos e capacidades para operar em uma rede social, que podem ser caracterizadas pelos laços de amizade e colaboração.
Para compreender como as práticas afetivas sustentam as redes do empreendedorismo cultural, o mercado popular selecionado para compor a presente pesquisa foi a Feira de São Joaquim. Realizamos um estudo etnográfico através da observação participante, entrevistas etnográficas, documentos, registos visuais e audiovisuais. A observação participante foi realizada pela autora principal na feira, presencialmente e de forma participativa, com o objetivo de verificar as interações afetivas entre os empreendedores e os atores da rede. A análise do material coletado seguiu as três fases da pesquisa.
Os resultados mostraram que as práticas afetivas sustentam as redes afetivas do empreendedorismo cultural, por meio da construção de novos sentidos e valores pela rede afetiva. Na feira, uma inovação importante foi implementada em um prato típico da culinária baiana: o acarajé. Essa mudança de sentidos e valores pode ser observada no contexto da comercialização da massa pronta do acarajé, que trouxe novas interpretações e significados para o preparo desse alimento. A rede do Empreendedor A foi objeto de estudo desta pesquisa, ela é composta por diferentes atores.
O objetivo deste artigo consistiu em explicar como as práticas afetivas sustentam as redes do empreendedorismo cultural no contexto dos mercados populares. Os resultados mostraram que as práticas afetivas sustentam as redes afetivas do empreendedorismo cultural por meio da construção de novos sentidos e valores pela rede afetiva. Pesquisas futuras poderão aplicar a perspectiva da prática afetiva para estudar inovações culturais em diferentes contextos empíricos, ampliando o entendimento das singularidades desse tipo de inovação sob a perspectiva do empreendedorismo cultural.
Baron, R. A. (2008). The Role of Affect in the Entrepreneurial Process. Academy of Management Review, 33(2), 328–340. Casciaro, T. (2019). Networks and Affect In the Workplaces. In D. J. Brass & S. P. Borgatti (Eds.), Social Networks at Work (pp. 23–48). Routledge. Oliveira, X. L. C., & Davel, E. P. B. (2022a). Empreendedorismo e afeto: desafios e perspectivas de pesquisa. Revista Eletrônica de Ciência Administrativa, 21(3), 475–505. Wetherell, M. (2012). Affect and Emotion: a new social science understanding. SAGE Publications Ltd.