Resumo

Título do Artigo

ELEMENTOS DO MACHISMO ESTRUTURAL EVIDENCIADOS NO FILME TERRA FRIA
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Palavras Chave

Machismo estrutural
Desigualdade de Gênero.
Assédio Moral e Sexual

Área

Gestão de Pessoas

Tema

Bem-estar e Mal-estar no trabalho

Autores

Nome
1 - Paula Renata Stashaki Domingos
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ (UNIOESTE) - Marechal Cândido Rondon
2 - Jaqueline de Paula Siqueira da Costa
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ (UNIOESTE) - Campos Cascavel
3 - Gabriela Walter Gonçalves
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS) - Porto Alegre
4 - Silvana Anita Walter
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ (UNIOESTE) - Marechal Cândido Rondon

Reumo

O filme Terra Fria, baseado em fatos reais, retrata o primeiro processo judicial bem sucedido sobre assédio sexual, requerido pela trabalhadora de uma mina, a Eveleth Mines, julgado nos Estados Unidos na década de 1970. A história traz à tona raízes da sociedade patriarcal, uma consequência da construção histórica de séculos de dominação masculina, que se efetiva sistematicamente de forma desigual, as relações sociais, reafirmando cotidianamente a submissão da mulher em relação ao homem, este visto como superior às mulheres, tanto física quanto intelectualmente (Lima, Lima & Ribeiro, 2021).
Inicialmente o papel da mulher é construído no âmbito familiar, ambiente em que as atividades desempenhadas não são valorizadas com prestígio. Tal valorização e prestígio foram atribuídos aos homens que praticavam atividade comercial provedora de dinheiro na época. Essa cultura que transpassa várias gerações acarreta uma série de dificuldades na condição de direito de reconhecimento da mulher na sociedade (Gurgel, 2010), inclusive em seus locais de trabalho. Este estudo tem como objetivo compreender os elementos relacionados ao machismo estrutural evidenciados no filme Terra Fria.
A teórica marxista não ignora o imbricamento da opressão de gênero com a de raça e classe. Em O Poder do Macho (2001), a autora argumenta acerca da inseparabilidade do racismo, capitalismo e patriarcado, que conjuntamente formam um único sistema de dominação-exploração, através de um funcionamento denominado por ela como simbiótico (Saffioti, 2001, p. 60): patriarcado-racismo-capitalismo. Nesta coprodução, o capitalismo, segundo a autora, seria um sistema cujo lucro se baseia nas outras duas modalidades de exploração.
A presente pesquisa é documental, por meio da transcrição do filme Terra Fria e da busca de leis brasileiras e dos Estados Unidos local onde o fato é originário. O filme tem o tempo de duração de 126 minutos e foi transcrito literalmente, gerando 17 páginas de transcrição. A análise dos dados ocorreu de forma indutiva, ou seja, sem imposição prévia de categorias, utilizando o método de análise processual. A análise se deu sob a ótica da análise primária e secundária (Gioia et al., 2013) na qual emergiram dimensões de análise e nos permite uma compreensão mais profunda dos fenômenos observados
As dimensões centrais que emergiram e foram exploradas nas análises foram: reflexos do patriarcado; assédio moral; assédio sexual praticado pelo médico da empresa, por funcionários da empresa e estupro na sala de aula, culpabilização da vítima; falta de solidariedade feminina, omissão da empresa, família e sindicato
Diante dessas análises, é evidente a necessidade de promover mudanças estruturais e culturais para combater o patriarcado, o assédio sexual, a culpabilização da vítima e fomentar a solidariedade feminina. É essencial garantir a igualdade de oportunidades no trabalho, o respeito aos corpos e a autonomia das mulheres, a responsabilização dos agressores e a construção de redes de apoio entre mulheres.
Saffioti, H. I. (2001). Contribuições feministas para o estudo da violência de gênero. Cadernos pagu, 115-136. Gioia, D. A., Corley, K. G., & Hamilton, A. L. (2013). Seeking qualitative rigor in inductive research: Notes on the Gioia methodology. Organizational research methods, 16(1), 15-31. ZANELLO, V. et, al. Relação entre a violência e a saúde mental das mulheres no Brasil: análise das políticas públicas. Estud. pesqui. psicol. [online]. 2018, vol.18, n.1, pp. 384-403. ISSN 1808-4281.