Resumo

Título do Artigo

TENSÕES EMERGENTES NO MODO DE TRABALHO ARTESANAL NA CONTEMPORANEIDADE: UM ESTUDO DE CASO
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Palavras Chave

Trabalho Artesanal
Eficiência Técnica
Marketing

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Organizações Não-Convencionais

Autores

Nome
1 - Daniela Lopes de Oliveira
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ (UTFPR) - Curitba
2 - Rene Eugenio Seifert
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ (UTFPR) - Programa de Pós Graduação em Administração
3 - Janaína Alves More
UNIVERSIDADE POSITIVO (UP) - Ecoville

Reumo

O modo de trabalho convencional na contemporaneidade é marcado pelo avanço tecnológico, em que a técnica busca alcançar a máxima eficiência em todas as áreas da atividade humana (Ellul, 1968). No entanto alguns autores questionam sobre os aspectos negativos e alertam para o estudo de modelos alternativos à lógica dominante organizacional baseado na eficiência técnica. Neste contexto, propõe-se investigar o modo de trabalho artesanal. O impulso artífice de fazer bem feito (Sennett, 2019), assim como a sujeição aos limites, é fator distinção entre produção artesanal e a produção industrial.
O modo de trabalho artesanal é caracterizado pelo fazer manual associado ao pensar, compondo um ritmo de produzir e aprimorar. Na contemporaneidade, o trabalho artesanal vive uma espécie de renascimento e é possível verificar que há resgate e certa valorização desse ofício. No entanto o trabalho artesanal opõe-se a lógica convencional, assim questiona-se como como o artesão, responde às tensões estabelecidas entre os limites do seu modo de produção artesanal e a lógica dominante de produção, fundamentada na eficiência técnica.
O referencial teórico segue a definição de técnica de Ellul (1968) que é a totalidade dos métodos racionalmente obtidos para alcançar a máxima eficiência em todos os campos da atividade humana e a caracterização de trabalho artesanal conforme Sennett (2019, p. 16), a “Habilidade artesanal designa um impulso humano básico e permanente, o desejo de um trabalho benfeito por si mesmo.”. Apresenta diversos estudos que destacam as tensões presentes no ofício artesanal contemporâneo. Ademais traz alguns estudos que relacionam o artesanato e o marketing de luxo.
Tendo como objetivo investigar o modo como os artífices contemporâneos enfrentam e lidam com as tensões resultantes da necessidade de se adaptar às redes sociais e ao marketing digital para promover e vender seus produtos, conciliando sua expertise com as demandas do consumidor, optamos pela realização de um estudo de caso, conforme define Merriam (1998) e Creswell (2010).Para tanto, o caso escolhido foi o do artesão Miguel, que confecciona pulseira em couro para relógios de luxo.
O artesão selecionado para o estudo produz pulseiras em couro para relógios de luxo. Embora inicialmente relutante em usar as redes sociais, foi por meio de um influenciador digital que o negócio decolou. A confecção das pulseiras é caracterizada pela manualidade, excelência, personalização e exclusividade. Ademais o artesão trabalha com materiais raros e ferramentas importadas. Para aquisição da pulseira é preciso entrar na lista de espera. As tensões identificadas no caso são: a necessidade de vender e a pressão eficiência técnica nas atividades de gerir o negócio, empresariamento de si.
A resposta encontrada pelo artesão para manter as características do seu ofício e lidar com os limites do seu trabalho, num contexto de eficiência técnica, é o marketing de luxo. Outra questão relevante identificada no estudo é a questão do uso das mídias digitais, pois o artesão afirma ser importante para o seu negócio estar presente nas redes sociais. Quanto a relação com eficiência técnica, ela fica evidente na pressão para o empresariamento de si, portanto a eficiência se manifesta nas adjacências do trabalho manual.
Ellul, J. (1968). A técnica e o desafio do século. Paz e Terra. Gaulejac, V. (2007). A gestão como doença social. Ideias & Letras. Gurgel, C., & Marinho, M. (2019). Escravidão contemporânea e toyotismo. Organizações & Sociedade, 26, 317-337. Lindbergh, J., & Schwartz, B. (2021). The paradox of being a food artisan entrepreneur: responding to conflicting institutional logics. Journal of Small Business and Enterprise Development. Lipovetsky, G., & Roux, E. (2005). O luxo eterno: da idade do sagrado ao tempo das marcas. Companhia das letras. Sennett, R. (2019). O artífice. Record.