Resumo

Este artigo aborda a relação entre internacionalização e desempenho empresarial, moderada pela sustentabilidade ambiental. Em diversos estudos que buscaram estabelecer um consenso sobre essa relação, a heterogeneidade dos resultados empíricos indicou alguns fatores mediadores. Assim, identificou-se a necessidade de pesquisas que analisassem as condições em que a internacionalização fosse mais benéfica para as empresas considerando variáveis estratégicas, trazendo a sustentabilidade como uma das mais relevantes, uma vez que está incorporada aos sistemas de gestão das empresas multinacionais.

Estudos demonstram que as empresas multinacionais têm um papel significativo no desenvolvimento econômico global e que, ao mesmo tempo, são cobradas por um comportamento sustentável. Assim, entende-se como importante, compreender de que modo a internacionalização e a sustentabilidade, adotadas em conjunto, influenciam no desempenho das empresas multinacionais. Logo, o objetivo deste artigo é verificar se as ações sustentáveis realizadas pelas EMNs moderam a relação entre o grau de internacionalização e o desempenho das mesmas.

Com base na revisão literária, a pesquisa apresenta três hipóteses: Hipótese 1: A relação entre o grau de internacionalização e o desempenho será moderada pela divulgação da sustentabilidade; Hipótese 2: A relação entre o grau de internacionalização e o desempenho será moderada pela adoção de sistemas de gestão ambiental/social; Hipótese 3: A relação entre o grau de internacionalização e o desempenho será moderada pela inovação verde.

A obtenção da amostra passou por quatro fases. Primeiramente, foi obtida uma amostra das 5.000 maiores empresas de capital aberto listadas na base Thomson Reuters Eikon, cuja amostra final foi de 367 empresas muiltinacionais. Em seguida foram obtidas as informações sobre divulgação da sustentabilidade para todas as empresas através da base de dados da Global Reporting Initiative (GRI), e por fim foram coletadas e classificadas todas as patentes verdes obtidas no período.

As hipóteses foram testadas com a aplicação da técnica de dados em painel balanceado, já que foram levantados de forma longitudinal, indicando que são provenientes de um mesmo período de tempo (FAVERO et al. 2009). Assim, foi possível examinar, simultaneamente, as variações dos dados e as variações de cada empresa ao longo do tempo. Mais precisamente, como existem variáveis usadas que são constantes no tempo (e.g. setor), optou-se pela estimação com efeitos aleatórios. Esse método permite a estimação sobre o desempenho dos efeitos dentro e entre empresas e já foi usado em pesquisas anteriores.

Conclui-se que a sustentabilidade ambiental é um moderador importante quando as empresas se utilizam de relatórios para divulgação à mercado, e de sistemas de gestão ambiental e social. Ficou evidenciado ainda que estudar a relação entre internacionalização e desempenho não é mais suficiente, sendo necessário analisar os fatores que moderem essa relação. visto que a internacionalização pode ser uma estratégia de crescimento que, em um primeiro momento, não traga retornos financeiros. Evidenciou-se ainda como a relevância do papel moderador das ações de sustentabilidade ambiental e social.

ANDERSEN, M. M. On the faces and phases of eco-innovation – on the dynamics of the greening of the economy. Druid Conference, 2010. ANDRADE, A. M. F.; GALINA, S. V. R.; RIBEIRO, E. M. S. Effects of internationalization on performance of BRICS multinationals moderated by organizational slack and R&D intensity. International Journal of Business and Emerging Markets, v. 7, p. 336-360, 2015. ATTIG, N.; BOUBAKRI, N.; GHOUL, S. E.; GUEDHAMI, O. Firm Internationalization and Corporate Social Responsibility. Journal of Business Ethics, v. 134, p. 171-197, 2016. ATTIG, N.; CLEARY, S. W.; GHOUL, S. E.;