Resumo

Título do Artigo

TRABALHO REPRODUTIVO E NEOLIBERALISMO: as relações de gênero e trabalho à partir do ponto de vista de uma terceirizada
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Palavras Chave

Trabalho Reprodutivo
Terceirização
Reprodução Social

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Diversidade, Diferença e Inclusão nas Organizações

Autores

Nome
1 - Amanda Marques Brito de Souza
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS (UNIFAL-MG) - Instituto de Ciências Sociais Aplicadas
2 - Ana Carolina Guerra
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS (UNIFAL-MG) - Instituto de ciências sociais aplicadas
3 - Dimitri Augusto da Cunha Toledo
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS (UNIFAL-MG) - Icsa

Reumo

O trabalho reprodutivo, que neste texto se apresenta com lócus de discussão dentro da formação atual do Estado Capitalista Neoliberal e no processo de terceirização, visto a adaptabilidade da divisão sexual do trabalho ao sistema econômico vigente, está muito além das concepções apenas do trabalho doméstico, uma vez que este elemento está dentro do que Federici (2021) vai chamar de “o trabalho oculto”, que significa servir à mão de obra assalariada em termos físicos, emocionais e sexuais, além de proporcionar a criação e educação da próxima geração de trabalhadores proletários.
Partindo desta concepção, o presente trabalho questiona “quais as percepções e estratégias de conciliação entre trabalho reprodutivo e trabalho produtivo de uma trabalhadora terceirizada da Unifal-MG?”, por meio de uma pesquisa empírica, que busca materializar as compreensões sobre o trabalho reprodutivo, as estratégias de conciliação entre trabalho produtivo e trabalho reprodutivo realizada pela entrevistada e como a divisão sexual do trabalho se apresenta dentro do Estado Capitalista Neoliberal, com foco no trabalho terceirizado.
Dentro da materialização do Estado Neoliberal e da construção histórica e social em que a sociedade é estruturada, “a divisão sexual do trabalho tem uma incrível plasticidade” (HIRATA; KERGOAT, 2007, p.600) e o “processo de globalização tornou mais nítida a diversidade, justamente nesse processo as desigualdades entre os sexos, entre classes sociais e entre raças aparecem de uma maneira mais visível" (HIRATA, 2011, p. 16), com a divisão sexual, em congruência com a “flexibilização pode[ndo] reforçar as formas mais estereotipadas das relações sociais de sexo” (HIRATA; KERGOAT, 2007, p. 600).
Este trabalho utilizou-se do método de história de vida para se materializar, uma que vez que este possibilita uma “investigação que elabora análises qualitativas de processos históricos sociais a partir da visão e versão do ator social, que se expressa por meio de uma estrutura de linguagem repleta de significados sociais e historicamente construídos” (VEIGA; ALVES, 2020, p. 2). Pela solicitação de anonimato da entrevistada, ao longo de todo o trabalho foi selecionado o nome Mietta para se referi-la.
Por meio da história de vida da Mietta, é possível destacar a construção histórico social no qual o trabalho reprodutivo e visto com uma obrigação exclusiva dela, e quando este se apresenta dentro da perspectiva de divisão de tarefas, este está dentro da concepção de “ajuda”, cabendo a ela a conciliação entre as obrigações doméstica e o trabalho externo. Além disso, ela foi direcionada a empregos considerados feminino no mercado tido como produtivo, sendo funções ligadas a construção da ideia de trabalho “naturais” feminino, ou seja, dentro das concepções de trabalho reprodutivo remunerado.
Portanto, foi possível discutir, através desta história de vida, em congruência com o referencial teórico, que existe um direcionamento no mercado de trabalho para tarefas que mesclam a ideia socialmente construída de atividades femininas e masculinas, em que os trabalhos destinados, geralmente, as mulheres estão correlacionadas com o trabalho reprodutivo, ligadas ao afeto e ao cuidado.
FEDERICI, S. O Patriarcado do Salário: Notas sobre Marx, gênero e feminismo (v. 1). Boitempo Editorial, 2021. HIRATA, H. Tendências recentes da precarização social e do trabalho: Brasil, França e Japão. Caderno CRH, Salvador, v. 24, n, spe 01, p. 15-22, 2011. HIRATA, H.; KERGOAT, D. Novas configurações da divisão sexual do trabalho. Caderno de Pesquisa, v. 37, n.132, p.595-609, 2007. VEIGA, A. C.; ALVES, C. P.. O relato de história de vida à luz do pensamento de Walter Benjamin: contribuições aos estudos de identidade. Psicologia USP, v. 31, 2020.