Resumo

Título do Artigo

“MENOS É MAIS”: MINIMALISMO COMO PRÁTICA DE CONSUMO
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Palavras Chave

Minimalismo
Teorias da prática
Práticas de consumo

Área

Marketing

Tema

Cultura e Consumo

Autores

Nome
1 - Juliana Vieira Borges
UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI (UFVJM) - FACSAE
2 - Naldeir dos Santos Vieira
UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI (UFVJM) - Departamento de Administração

Reumo

A sociedade pós-moderna é compreendida como uma sociedade consumista, em que as relações sociais são sustentadas pelo consumo cultural, aquisição e descarte imediato de bens. Movimentos anticonsumistas, contrários a este cenário, emergem em meio à fluidez das relações sociais. Este trabalho tem como foco o minimalismo, que representa a busca por um estilo de vida mais simples e com maior satisfação a partir de do consumo mais consciente, onde as posses não devam constituir formas de representação e classificação social.
Entendendo o processo minimalista como uma filosofia de vida alternativa, em contrapartida à corrente cultural consumista, e entendendo o engajamento neste processo a partir de adoção de novas práticas de convivência social, inclusive àquelas que se referem ao consumo, questiona-se: sobre a perspectiva da prática, como se estrutura o consumo dos indivíduos que se autodeclaram minimalistas? O objetivo deste estudo quer compreender os elementos inerentes às práticas de consumo minimalistas e suas inter-relações, ou seja, o processo de construção destas práticas.
Para entender este fenômeno utilizou-se como base teórica a abordagem da prática, por meio dos estudos de Sckatzki (1996, 2002, 2005, 2010), onde a realidade social é entendida e construída, adaptada e readaptada como resultado de práticas sociais que se transformam continuamente, a partir de elementos humanos e não-humanos.
Sob uma ótica interpretativista, baseada na abordagem qualitativa para coleta, análise e interpretação dos dados, este estudo utilizou a netnografia, a partir de três comunidades virtuais do Facebook, para a construção de um framework que explique como os praticantes brasileiros do minimalismo constroem e (re)constroem suas práticas de consumo minimalista. Foram realizadas observações não-participantes, coletas de postagens com inserção ativa e passiva nos grupos, bem como entrevistas em profundidade com 22 membros, e, em conjunto, os dados foram submetidos à análise de conteúdo.
Dez categorias foram elencadas a fim de compreender os elementos constituintes da prática: entendimentos, procedimentos, valores e expectativas, emoções e sentimentos, interconectividade prática, materialidade, atividades mentais, conhecimento e aprendizagem, motivações e engajamento. O minimalismo apresenta facetas importantes em sua estruturação. O minimalismo não representa apenas um aspecto da vida de um indivíduo, mas sim uma ressignificação do seu entendimento como indivíduo e como ser social. Neste sentido, elementos de cunho 'psicológico' são muito relevantes como constituintes desta.
O que podemos sugerir é que as capilaridades das práticas representam um elemento importante em sua explicação teórica. Ou seja, a base teórica que busca explicar a estruturação das práticas sociais deve considerar que existem o que chamaremos de ‘macropráticas’ e ‘micropráticas’. As ‘micropráticas’ representariam, então, práticas relacionadas à âmbitos, partes ou momentos específicos da vida de um indivíduo. Já as ‘macropráticas’ seriam práticas que envolvem diversos âmbitos da vida, e impactam na reestruturação de várias ‘micropráticas’.
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