Resumo

A Administração enquanto campo interdisciplinar recebe contribuições de inúmeras áreas que são adaptadas à gestão. Entretanto, a falta de questionamentos e a ênfase no controle e na lucratividade extrai o caráter crítico e reflexivo das teorias as transformando em ferramentas, funcionais e tecnicistas. Um contraponto pode ser visto na Escola Crítica, por seu anseio de compreender a realidade e transformá-la em prol do desenvolvimento coletivo e da emancipação humana e suas aplicações pedagógicas, na formação de pesquisadores e administradores.

O objetivo deste trabalho é reafirmar a importância da escola crítica como uma abordagem fundamental para os estudos e avanços da Administração. Pesquisadores como Faria, Paula, Burrel e Morgan têm contribuído para a demarcação do campo e para a construção de perspectivas críticas na Administração. Ademais, buscamos explorar as possibilidades de utilização da escola crítica como recurso pedagógico na formação de futuros administradores e pesquisadores, enfatizando sua relevância no desenvolvimento de uma visão reflexiva e transformadora dos estudos organizacionais e da prática administrativa.

A fundamentação Teórica parte autores da área da Administração, tais como Faria, Paes de Paula, Ferraz, Burrell, Morgan, Saccol, entre outros. De modo a consolidarmos uma base crítica de análise da temática e propor contribuições ao campo.

A discussão parte da conceituação do que chamamos de teoria crítica nos estudos em administração e os critérios que demarcam o que, a princípio, se compreende por um trabalho crítico, são apresentadas algumas demarcações do campo dos estudos organizacionais, entre elas a de Burrell e Morgan, Faria e Paes e Paula e, além disso, a importância da Escola Crítica no ensino de novos pesquisadores e administradores.

O modo de produção do conhecimento positivista e funcionalista, não se mostra capaz de responder e entender as mudanças sociais, contradições e conflitos da sociedade atual. É necessário encontrar novas formas de ver e produzir a sociedade, que promovam mudanças e a transformem em prol do desenvolvimento e progresso humano, pauta já tratada pelos idealistas e pelo próprio positivismo. O trabalho dos críticos, então, está em apontar que modelos não são naturais e não devem ser únicos, mas uma formatação estabelecida em um processo histórico, podendo e, em alguns casos, devendo ser superado.

BURRELL, G.; MORGAN, G. Sociological paradigms and organizational analysis: elements of the sociology of corporate life. Hants: Ashgate, 1979. FARIA, J. H. Análise crítica das teorias e práticas organizacionais. São Paulo: Atlas, v. 1, 2007. PAES DE PAULA, Ana Paula. Para além dos paradigmas nos Estudos Organizacionais: o Círculo das Matrizes Epistêmicas. Cadernos Ebape. BR, p. 24-46, 2016. SACCOL, A. Z. Um retorno ao básico: compreendendo os paradigmas de pesquisa e sua aplicação na pesquisa em administração. Revista de Administração da UFSM, v. 2, n. 2, p. 250-269, 2009.