Resumo

Título do Artigo

O Corpo Como Personificação da Diferença e o Capacitismo nas Relações Sociais de Inclusão
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Palavras Chave

Deficiência
Capacitismo
Inclusão Social

Área

Gestão de Pessoas

Tema

As faces da Diversidade

Autores

Nome
1 - Maria Beatriz Rodrigues
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS) - Escola de Administração
2 - Gabriela Pereira Lopes
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS) - Escola de Administração
3 - Marcos Vinicius Dalagostini Bidarte
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS) - Escola de Administração

Reumo

Pela falta de conhecimento e sensibilização, a deficiência ainda é vista sob um véu de piedade ou de supervalorização das limitações, com ênfase na necessidade de superação. O capacitismo, promotor da concepção de incapacidade a priori, não enxerga o sujeito em sua complexidade. Neste sentido, torna-se importante investigar como os balizadores, que pressupõem homogeneidade de corpo e de mente, de ideal de perfeição, são construídos e reproduzidos nos ambientes de educação.
A questão central que norteia este artigo é: como o capacitismo se manifesta e permeia as relações sociais de pessoas com deficiência nos ambientes de inclusão educacional? Frente a isto, o estudo se propõe a discutir como são as interações sociais em ambientes de educação, o processo de acolhimento propriamente dito, os fatos inclusivos, com suas possibilidades de criatividade, valorização, utilização do potencial e de realização das pessoas com deficiência, para além de concepções capacitistas.
Neste artigo, discute-se primeiramente os estudos sobre deficiência (disability studies), e a interseccionalidade da deficiência, influenciada e definida por raça/cor, classe, gênero, religião, nacionalidade, etc. (Ginsburg, & Rapp, 2020); e, depois, associa-se deficiência e (in)capacidades, ao trazer o termo capacitismo (ableism) (Campbell, 2019) e o conceito de capacidades (capabilities) (Nussbaum, 2011), e as relações entre elas e a desigualdade (Sen, 2010).
O artigo parte de entrevistas individuais semiestruturadas e coletivas de tipo focal, com estudantes universitários com deficiência, realizadas de forma virtual, e busca identificar mensagens, evidentes ou ocultas de capacitismo, ou do quanto as suas deficiências, os seus corpos e suas habilidades diversas modificam ou são modificados pelas relações com outros indivíduos em um ambiente de educação. Considerando o exposto, as escolhas metodológicas recaem na abordagem qualitativa, de tipo interpretativo e com delineamento exploratório-descritivo.
As solicitações dos estudantes com deficiência (EcD) parecem exigir um grande esforço, ou serem consideradas demandas exageradas, como a necessidade de comunicação aumentativa e alternativa, ou de soluções e tecnologias assistivas e de recursos de acessibilidade em geral. O EcD é convidado a se sentir sempre inadequado e exigente, precisando continuamente solicitar e negociar as condições mínimas de acesso, devendo adequar-se aos ditames do mundo normodotado. Além disso, evidencia-se o despreparo da gestão da Universidade, tanto no ingresso como na permanência dos EcD nos cursos de graduação.
O fato dos/as estudantes com deficiência estarem na Universidade, certamente é uma importante condição, que não foi usufruída por muitos/as jovens antes das legislações e políticas afirmativas no Brasil e, exatamente porque as normas existem, estamos em um novo momento, em que precisamos aprimorar o processo de inclusão.
Campbell, F. (2019). Precision Ableism: a studies in ableism approach to developing histories of disability and abledment. Rethinking History: The Journal of Theory and Practice, 23(2), p. 138-156 Ginsburg, F., & Rapp, R. (2020). Disability/anthropology: Rethinking the parameters of the human an introduction to supplement 21. Current Anthropology, 61(S21), S4-S15. Nussbaum, M. (2011). Creating capabilities. The human development approach. Cambridge, Massachusetts: The BelknapPress of Harvard University Press. Sen, A. (2010). La diseguaglianza. Bologna: Il Mulino.