Resumo

Sobre o desenvolvimento teórico da temática gestão da diversidade muitos modelos foram formulados na década de 1990, principalmente nos Estados Unidos e muitos outros foram sendo criados à medida que novas perspectivas foram sendo agregadas ao seu entendimento. Pouco era o interesse de se olhar para a formação e o entendimento sobre a gestão da diversidade, uma vez que assim como o conceito, todos esses modelos foram pensados para realidade estadunidense. Contudo, o que se observa no mundo real é que esse cenário não é universal.

Não se percebe a existência de modelos pensados para caso brasileiro, assim como não é explorada a formação e a compreensão sobre a gestão da diversidade no país e é em decorrência desse cenário que o objetivo desse ensaio se dispõe a propor um modelo teórico para gestão da diversidade, pensando-se a realidade brasileira e tendo-se como propósito o enriquecimento do entendimento da temática, o avanço teórico e posterior aplicação prática nas organizações brasileiras.

O modelo proposto nesse ensaio teve como base a literatura brasileira e internacional em Administração sobre a temática gestão da diversidade e foi examinado também o ambiente institucional do país, tendo em vista o peso dessa esfera nos modelos originais. Todavia, cabe destacar que a maior inspiração para o modelo proposto foi a estrutura de Cox e Blake (1991), porém com objetivos que diferem desses autores. As esferas identificadas servirão de base ao entendimento da formação da gestão da diversidade no país e ao entendimento da dinâmica de influências de uma esfera sobre a outra.

O esquema teórico proposto nesse ensaio recebeu o nome de Modelo de Influências da Gestão da Diversidade (MIGD), no qual a gestão da diversidade é vista em termos das esferas que a influenciam no âmbito micro da organização (forças internas) e no âmbito macro da sociedade brasileira (forças externas). As esferas são as seguintes: as instituições legais e políticas, a justiça social, a heterogeneidade da força de trabalho, os sistemas de gestão de pessoas, o desempenho organizacional, a imagem organizacional, a cultura nacional e a cultura organizacional.

Em suma, a ideia central do ensaio se esforça em apresentar o MIGD como um conjunto de possibilidades para ações dentro da gestão da diversidade. Através das esferas identificadas é possível atuar nas diversas facetas das organizações, assim como utilizá-las para modificar outras esferas as quais ela possa exercer influência. Mesmo tendo como inspiração o modelo de Cox e Blake (1991), o propósito em se desenhar o MIGD busca identificar as esferas que influenciam a gestão da diversidade com o intuito de caracterização dessa temática no contexto brasileiro, avançando na perspectiva nacional.

COX, T.H.; BLAKE, S. Managing cultural diversity: implications for organizational competitiveness. Academy of Management Executive, v. 3, n. 3, p. 45-56, 1991.