Resumo

Título do Artigo

O racismo na experiência profissional das mulheres negras em São Paulo
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Palavras Chave

Mulheres negras
Diversidade
Organizações

Área

Gestão de Pessoas

Tema

Políticas, Modelos e Práticas de Gestão de Pessoas

Autores

Nome
1 - Antonia Aparecida Quintão
UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE (MACKENZIE) - São Paulo
2 - Silvia Pereira de Castro Casa Nova
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP) - Faculdade de Economia Administração e Contabilidade

Reumo

As desigualdades no mercado de trabalho, tanto formal quanto informal, seguem sendo uma constante para as mulheres negras. Podemos observar a permanência de uma acentuada e constante disparidade de cargos e, consequentemente, de salários para as mulheres negras. Considerando isso, esta pesquisa tem como objetivo dar voz às mulheres negras inseridas no contexto organizacional, analisando a sua percepção sobre o racismo. Este estudo baseia-se em pesquisas sobre a falta de representatividade de mulheres negras nas organizações, bem como os desafios que enfrentam para alcançar cargos de liderança.
Buscamos investigar quais são as dificuldades que as mulheres negras encontram na sua vida profissional, compreender as razões pelas quais enfrentam esses problemas, tomando como referência as suas narrativas. Foi, portanto, fundamental observar a visão das mulheres negras sobre os seus desafios cotidianos.
O presente estudo baseia-se no referencial analítico da interseccionalidade. Para Lewis (2018), a interseccionalidade permeia o machismo, o racismo e a classe social, mostrando que essa estrutura cultural ainda forma os opressores das mulheres, principalmente das mulheres negras, na sociedade contemporânea. A apresentação da questão racial como aspecto central nesta abordagem contribui para preencher uma grande lacuna nos estudos organizacionais, que historicamente tem excluído a questão racial das suas pesquisas.
Utilizou-se de uma abordagem qualitativa, com a construção de evidências tendo por base a realização de entrevistas e a aplicação de questionário, e a análise adotando a Análise de Conteúdo. Dez mulheres negras participaram deste estudo. A pesquisa procurou dar visibilidade e voz para mulheres negras, tendo em vista que são elas que enfrentam as condições mais desafiadoras, principalmente porque suas vozes são silenciadas pela preponderância masculina e pelo racismo arraigado nas relações sociais do país.
As entrevistas realizadas permitiram constatar que as empresas necessitam avançar muito em relação ao desenvolvimento de políticas e ações internas de promoção da Diversidade e Inclusão (D&I) e combate às desigualdades de gênero e de raça no mercado de trabalho. Os resultados da pesquisa demonstraram que as empresas estão atrasadas (negligência) na implementação de ações para a inclusão de mulheres negras, o que evidenciou a permanência do racismo no espaço organizacional, assim como a necessidade de políticas públicas e ações organizacionais para garantir equidade de oportunidades.
Na realização deste trabalho, observamos e analisamos a falta de diversidade racial nas organizações e as dificuldades enfrentadas pelas mulheres negras nos ambientes corporativos. A sua ausência em cargos de liderança é evidente, especialmente em virtude dos preconceitos e estereótipos arraigados na sociedade brasileira desde a época colonial e naturalizados através do racismo estrutural. Apesar de algumas iniciativas bem-sucedidas, as mulheres negras continuam sendo as mais prejudicadas, com menor representatividade e com menores salários quando comparadas aos demais indivíduos.
CARNEIRO, Sueli. Racismo, Sexismo e Desigualdade No Brasil. São Paulo: Soraia Bini Cury, 2011. 177 p. LEWIS, Jioni A. From modern sexism to gender microaggressions: Understanding contemporary forms of sexism and their influence on diverse women. In: C. B. Travis, J. W. White, A. Rutherford, W. S. Williams, S. L. Cook, & K. F. Wyche (Eds.), APA Handbook of the psychology of women: History, theory, and battlegrounds. American Psychological Association, 2018. 381–397. https://doi.org/10.1037/0000059-019. RIBEIRO, Djamila. O que é lugar de fala? Belo Horizonte: Letramento, 2017