Resumo

Título do Artigo

TENSÕES E SINERGIAS ENTRE GESTÃO DE STAKEHOLDERS E SISTEMAS DE COMPLIANCE: UMA ANÁLISE NO SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL PESADA
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Palavras Chave

stakeholder
compliance
construção civil pesada

Área

Estratégia em Organizações

Tema

Estratégia Corporativa e de Stakeholders

Autores

Nome
1 - FIDELIS DINIZ
UNIVERSIDADE IBIRAPUERA (UNIB) - são paulo
2 - Tobias Coutinho Parente
ESCOLA SUPERIOR DE ENGENHARIA E GESTÃO DE SÃO PAULO - ESEG (ESEG) - Graduação em Administração

Reumo

Algumas das principais objeções de gestores quanto aos sistemas de compliance são de que o custo é elevado e engessa a gestão, além de dificultar os relacionamentos com os stakeholders. Por outro lado, em defesa do compliance há o argumento de que um bom sistema de compliance protege os gestores quando as demandas dos stakeholders são conflitantes. Assim, compliance seria a salvaguarda do gestor, apresentando-lhe um direcionamento sobre como agir. É nesses potenciais dilemas entre gestão de stakeholders e compliance – denominado aqui de tensões e sinergias – que esta pesquisa se concentra.
O objetivo deste estudo é identificar as tensões e sinergias entre a gestão de stakeholders e o sistema de compliance. Para tanto, foram estabelecidos os seguintes objetivos específicos: i) identificar como é feita a gestão dos stakeholders pelos gestores; ii) sintetizar a percepção dos gestores sobre a relação entre o sistema de compliance e a gestão de stakeholders; iii) elaborar um quadro para sistematizar as tensões e sinergias entre a gestão de stakeholders e os sistemas de compliance.
Para identificar as tensões e sinergias entre gestão de stakeholders e sistemas de compliance, utilizamos a teoria da dependência de recursos (TDR). A fundamentação está alicerçada na premissa de que os stakeholders não receberão um igual tratamento devido à criticidade dos recursos que os stakeholders podem proporcionar para a empresa. Adicionalmente, a TDR enfatiza as vulnerabilidades das empresas às pressões e demandas dos stakeholders (Julian, Ofori‐Dankwa, & Justis, 2008). O nível de absorção dos sistemas de compliance sobre esses aspectos poderá revelar o nível de tensões ou sinergias.
O estudo adota uma lógica indutiva e foi realizado por meio de entrevistas com gestores do setor da construção civil pesada. Ao todo, foram entrevistados 15 gestores com pelo menos 15 anos de experiência no setor. As perguntas para as entrevistas seguiram a abordagem uma perspectiva grand tour. Inicialmente, foi feita uma pergunta ampla para que o entrevistado pudesse discorrer sobre o fenômeno e, conforme a conversa evoluía, outras perguntas de estímulo foram realizadas para o aprofundamento do assunto. Os dados foram analisados por meio da técnica de análise de conteúdo.
Foram induzidas quatro tensões: 1) deslocamento de poder dos gestores para o compliance; 2) relacionamento com os stakeholders com orientação transacional; 3) percepção incompleta das relações dos stakeholders com as atividades da empresa; 4) indefinição sobre de quem é a responsabilidade pela gestão de stakeholders. Quanto às sinergias, foram identificadas três: 1) reduzir a vulnerabilidade perante as demandas dos stakeholders; 2) transparência nos relacionamentos com os stakeholders; 3) apoiar na hierarquização das demandas dos stakeholders.
Os resultados obtidos revelam que há uma zona limite entre conformidade e não conformidade, reputação e sobrevivência, legalidade e valores, obrigatoriedade e limitação de recursos que, dificilmente, são captadas pelos modelos dos sistemas de compliance e, principalmente, que gera tensões. Do outro lado, os entrevistados foram claros em relação à implantação do sistema de compliance trazendo sinergias importantes para a empresa, destacando a padronização e a estruturação de modelos, proporcionando segurança e menor exposição dos gestores diante dos stakeholders.
Frooman, J. (1999). Stakeholders influence strategies. Academy of Management Review, 24(2), 191-205. Hillman, A. J., Withers, M. C., & Collins, B. J. (2009). Resource dependence theory: A review. Journal of management, 35(6), 1404-1427. Julian, S. D., Ofori‐Dankwa, J. C., & Justis, R. T. (2008). Understanding strategic responses to interest group pressures. Strategic management journal, 29(9), 963-984. Pfeffer, J., & Salancik, G. R. (2003). The external control of organizations: A resource dependence perspective. Stanford University Press.