Resumo

Nas últimas décadas, as tecnologias digitais têm contribuído para uma melhor tomada de decisão por parte dos agricultores, resultando em um melhor desempenho das atividades agrícolas (JAIN et al., 2015). Por esse motivo, cada vez mais os produtores rurais vêm demonstrando interesse por ferramentas das tecnologias digitais, como plataformas digitais, sensores, internet das coisas, robótica, big data, armazenamento em nuvem, inteligência artificial e blockchain (OECD, 2018).

Apesar de essas tecnologias digitais e suas aplicações serem benéficas e estarem cada vez mais presentes no cotidiano da agricultura, uma parcela significativa dos agricultores ainda encontra dificuldades para acessá-las. Portanto, para contribuir com essa discussão, este artigo tem como objetivo realizar um mapeamento das tecnologias digitais utilizadas por agricultores familiares no município de Sentinela do Sul.

A fundamentação teórica apresenta os benefícios da adoção de tecnologias digitais na agricultura (DEICHMANN et al., 2016; COSTA et al., 2016; SILVA et al., 2017; SANTOS et al., 2018) e os desafios da adoção de tecnologias digitais na agricultura (MALAQUIAS; SILVA, 2020; BUAINAIN et al., 2021) e realiza uma contextualização sobre quais são as tecnologias digitais disponíveis para a agricultura (REGASSON et al., 2018; SANTOS et al., 2018; FRANCISCO, 2019).

Esta pesquisa é caracterizada como uma pesquisa survey de natureza quali-quantitativa. Foram realizadas 50 entrevistas com agricultores familiares no município de Sentinela do Sul (Rio Grande do Sul). Foi utilizado um roteiro semiestruturado com perguntas abertas e fechadas para identificar o perfil do entrevistado, o grau de conhecimento do produtor sobre as tecnologias digitais e os motivos pelos quais os entrevistados utilizam ou não essas tecnologias digitais em suas propriedades rurais. A análise dos dados coletados foi realizada através da estatística descritiva simples.

Os resultados indicam que 94% dos agricultores possuem telefone celular e apenas 16% possuem computador/tablet. Em relação ao sinal, 52% (n=26) dos entrevistados possuem internet em sua propriedade. Os resultados indicaram um baixo nível de conhecimento das tecnologias digitais disponíveis para a agricultura, apenas 26% (n=13) da amostra. As principais dificuldades relatadas foram a falta de conhecimento, a incapacidade de utilizar aparelhos eletrônicos sozinhos e a falta de sinal de internet na propriedade.

O estudo identificou e analisou o uso de ferramentas de tecnologia digital no setor agrícola no município de Sentinela do Sul (RS). Os resultados indicam existe um baixo nível de conhecimento e de adoção de tecnologias digitais pela amostra. Um dos fatores está relacionado ao perfil da amostra: baixo nível de escolaridade, com 60% da amostra possuindo apenas o ensino fundamental completo ou incompleto e 48% dos respondentes na faixa etária de 41 a 59 anos. Portanto, o estudo evidencia que existe espaço para a adoção de políticas de inclusão digital deste público.

BUAINAIN, A. M.; CAVALCANTE, P.; CONSOLINE, L. Estado atual da agricultura digital no Brasil: inclusão dos agricultores familiares e pequenos produtores rurais, Documentos de Projetos (LC/TS.2021/61), Santiago, Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), 2021. DEICHMANN, U.; GOYAL, A.; MISHRA, D. Will digital technologies transform agriculture in developing countries? Agricultural Economics, v. 47, n1, p. 21–33. 2016. EMBRAPA. Pesquisa mostra o retrato da agricultura digital brasileira. Brasília, DF: Embrapa Informações Tecnológica, 2020.