Resumo

A gestão ordinária se configura de forma diferente dos métodos de gestão dominantes no contexto organizacional, ou seja, é a gestão praticada pelo homem comum nos seus negócios, em muitos casos familiares, nas relações sociais que desenvolve a na administração do seu negócio (CARRIERI, et al., 2018). É a partir dessa gestão que pequenos negócios se desenvolvem e são encontrados, em sua maioria, em contextos periféricos, como no caso das artesãs que formam a Associação dos Artesãos de Altinho (ARTESAL), município localizado no interior de Pernambuco.

Diante do contexto apresentado, apontamos para a relevância de estudos que tragam à tona a gestão ordinária de pequenos negócios que, apesar das dificuldades resistem e garantem a perpetuação das atividades. Assim, esse estudo teve como problema de pesquisa: Como a gestão ordinária se caracteriza no cotidiano dos artesãos vinculados a ARTESAL? A fim de responder o questionamento proposto, tem-se como principal objetivo analisar como a gestão ordinária se caracteriza no cotidiano dos artesãos vinculados a ARTESAL.

A IMPORTÂNCIA DO ARTESANATO O artesanato é uma atividade que carrega uma bagagem cultural e social muito rica, tanto para quem consome as produções, quanto para o próprio artesão, pois perpetua a história e representatividade presente em cada peça elaborada e finalizada. GESTÃO ORDINÁRIA A gestão ordinária segue o caminho contrário ao dos modelos gerenciais que dominam o mainstream da Administração. A prática desse tipo de gestão acontece por meio da figura de um indivíduo que emprega estratégias de acordo com as situações que ocorrem no cotidiano em que está inserido.

No que se refere aos procedimentos metodológicos, foi realizada uma pesquisa de abordagem qualitativa, utilizando a entrevista semiestruturada e observação não participante, além do grupo focal como as técnicas de coleta de dados. Os dados, por sua vez, foram analisados a partir da técnica de análise de conteúdo.

Os principais resultados da pesquisa apontam para a utilização de algumas práticas de gestão ordinária por artesãos e artesãs vinculadas a associação de artesanato estudada. Contudo, a partir de um olhar crítico para o fenômeno, observamos que a forma como a associação é conduzida, ela exerce alguma força de padronização de alguns processos de gestão.

A realização deste trabalho possibilitou entender como a gestão ordinária se caracterizou e se fez presente em estabelecimentos periféricos, que possuem peculiaridades de funcionamento específicas de seu contexto mutável. Em resposta ao questionamento proposto no início deste estudo, constatamos alguns princípios da gestão ordinária, como de reciprocidade, solidariedade e valorização das trocas, as quais são essenciais para a continuidade de suas atividades na associação da Artesal.

CARRIERI, A. de P. PERDIGÃO, D. A.; MARTINS, P. G.; AGUIAR, A. R. C. A Gestão Ordinária e suas práticas: o caso da Cafeteria Will Coffee. Revista de Contabilidade e Organizações, v. 12, p. 141-359, 2018. CARRIERI, A. de P.; PERDIGÃO, D. A.; AGUIAR, A. R. C. A gestão ordinária dos pequenos negócios: outro olhar sobre a gestão em estudos organizacionais. Revista de Administração (FEA-USP), p. 698-713, 2014. CERTEAU, M. A invenção do cotidiano: 1. Artes de fazer. 22ª edição. Editora Vozes, 2014. VIZEU, F. Contribuições da sociologia da dádiva aos estudos sobre organizações substantivas. Organi