Resumo

A literatura sobre empreendedorismo ainda apresenta uma escassez de estudos que exploram as estratégias de enfrentamento das falhas (Eager et al., 2019; Srinivasan et al., 2023). A literatura sobre enfrentamento ressalta a importância de lidar com o comportamento empreendedor. Embora a reflexão sobre o passado possa gerar insights valiosos para os empreendedores lidarem com as falhas (Klimas et al., 2021), os estudos de Cope, (2011) e Shepherd, (2016) destacam que quando os empreendedores conseguem enfrentar as as falhas e adotam uma postura otimista em relação ao futuro.

O interesse em explorar esta pesquisa gerou a seguinte questão: quais estratégias são utilizadas pelos empreendedores para enfrentar e superar as falhas? Com base nisso, o objetivo delineado para o desenvolvimento deste estudo é investigar as estratégias adotadas pelos empreendedores para enfrentar e superar as falhas.

Durante a jornada empreendedora, quando se deparam com falhas, os empreendedores precisam adotar estratégias de enfrentamento para superar adversidades e falhas (Eager et al., 2019; Minello et al., 2012). A literatura apresenta duas abordagens de enfrentamento de falhas, conforme destacado por Folkman & Moskowitz, (2004): uma focada no problema e outra na emoção. No contexto do empreendedorismo acredita-se que o enfrentamento funciona em um nível individual, auxiliando o empreendedor a se recuperar das emoções negativas desencadeadas pelas falhas no negócio (Chen et al., 2020).

O método utilizado é o qualitativo de natureza descritiva e exploratória. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas com 15 empreendedores brasileiros. Para a análise dos dados, adotou-se o método da análise de conteúdo, considerando a perspectiva de Bardin (2016).

Os resultados obtidos demonstram que a falha é um evento comum no empreendedorismo e que estratégias de enfrentamento e superação podem ter resultados positivos para o empreendedor e para o crescimento do negócio. As motivações dos empreendedores foram identificadas em duas vertentes: (i) os aspectos afetivos: destacando o apoio e a vontade de dar uma vida melhor para a família, a paixão pelo estilo de vida e pelo seu propósito, amor em continuar o legado da família; e (ii) aspectos cognitivos: evidenciando a força de vontade, a crença e a fé e a autoconfiança.

Dada a natureza contextual do empreendedor e a sua importância para o crescimento do negócio, é importante um olhar para o indivíduo que considere seu comportamento afetivo e cognitivo que estão interligadas as suas ações e tomadas de decisões. Desconsiderar esses construtos ao empreender pode trazer uma visão mais voltado ao aspecto empresarial do que do empreendedor. Por isso, é fundamental abordar os aspectos afetivos e cognitivos no empreendedorismo para compreender suas motivações e estratégias de enfrentamento.

Eager, B., Grant, S. L., & Maritz, A. (2019). Classifying coping among entrepreneurs: Is it about time? Journal of Small Business and Enterprise Development, 26(4), Artigo 4. https://doi.org/10.1108/JSBED-02-2018-0064 Engel, Y., Noordijk, S., Spoelder, A., & van Gelderen, M. (2021). Self-Compassion When Coping With Venture Obstacles: Loving-Kindness Meditation and Entrepreneurial Fear of Failure. Em ENTREPRENEURSHIP THEORY AND PRACTICE (Vol. 45, Número 2, p. 263–290). SAGE PUBLICATIONS INC. https://doi.org/10.1177/1042258719890991