Resumo

Título do Artigo

PERSPECTIVAS DECOLONIAIS E OS ESTUDOS DE TURISMO
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Palavras Chave

Turismo
Decolonialidade
Revisão sistemática da literatura (RSL)

Área

Turismo e Hospitalidade

Tema

Dimensões e Contextos do Turismo e da Hospitalidade

Autores

Nome
1 - Diego Ribeiro Santos
UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI (UAM) - Centro (Mooca)
2 - Marianna de Brito Tranin de Magalhães
PPGTUR-EACH-USP - EACH
3 - Tamires Chagas Matschuck
PPGTUR-EACH-USP - EACH

Reumo

Rastegar et al. (2023) ao abordarem as desiguais formas pelas quais as diferentes populações são impactadas pelas crises globais, apontam para a necessidade de o turismo ser acionado como possibilidade de resolução das questões postas. Ressalta-se que tais injustiças e desigualdades podem ser observadas como consequência da “colonialidade do poder” que, produzindo uma hierarquização entre colonizados e colonizadores a partir da diferenciação de raça e do estabelecimento de relações de inferioridade e superioridade, determina um padrão hegemônico de poder eurocentrado (Quijano, 2005).
Assumindo que esforços vêm sendo feitos no que se refere ao acionamento do paradigma decolonial nos estudos sobre o turismo, busca-se com este artigo compreender o cenário da produção científica que relaciona o turismo e a decolonialidade por meio de uma revisão sistemática da literatura (RSL), nos contextos nacional e internacional. Como protocolo de estudo, adotamos as diretrizes presentes na declaração PRISMA 2020 dos Principais Itens para Relatar Revisões Sistemáticas e Meta-análises (PRISMA). A amostra final do estudo envolveu 26 artigos científicos que foram analisados qualitativamente.
A RSL se refere a um método que vem se tornando popular para investigar a produção científica em turismo e hospitalidade (Prayag, 2019), com critérios e técnicas precisos e explícitos com antecedência a partir de um protocolo. Ela permite auditar, reproduzir e introduzir atualizações dos dados, garantindo a confiabilidade e a confiança na investigação. Adotamos como protocolo a declaração PRISMA 2020, pois ela fornece instruções atualizadas e retratam o progresso nos procedimentos de identificação, seleção, avaliação e sintetização de estudos (Page et al., 2021).
No conjunto de 26 artigos, identificamos uma produção estável entre os anos de 2016 e 2019, seguida por um crescente volume de publicações até o ano de 2022. Em relação à origem das publicações, observamos uma concentração maior da Austrália, Canadá e Estados Unidos, destacando-se a autora Freya Higgins-Desbiolles com sete artigos publicados. Entre temas de interesse, encontramos: crises globais, injustiças, imperialismo e poder, colonialismo e a relação indígena-colono e volunturismo. Em termos metodológicos, notamos a produção de 12 revisões teórico-conceituais e 10 estudos de caso.
Além do não protagonismo de pesquisadores e instituições latino-americanos ou de outras regiões do sul global, os artigos analisados que foram publicados em português foram encontrados em bancos de dados nacionais. Nenhum artigo em língua portuguesa ou em outro idioma que não o inglês foi encontrado nas bases de dados internacionais. Isto reforça que ainda não há espaço para divulgação, em âmbito internacional, de produção científica em idiomas que não o inglês. Outro ponto que pôde ser observado foi o aumento de publicações que relacionam turismo e decolonialidade a partir do ano de 2020.
Page M.J. et al. (2021). The PRISMA 2020 statement. BMJ, 372(71). Prayag, G. et al. (2019). A systematic review of consumer satisfaction studies in hospitality journals. Journal of Hospitality Marketing & Management, 28(1), 51-80. Quijano, A. (2005). Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. A colonialidade do saber. Perspectivas latino-americanas. CLACSO, 227-278. Rastegar, R. et al. (2023). Tourism, global crises and justice. Journal of Sustainable Tourism, 1-15.