Resumo

Para atuar nos mercados internacionais, as empresas precisam começar identificando as oportunidades (JOHANSON; VAHLNE, 2009). Contudo, apenas nos últimos anos, pesquisadores tem se dedicado a analisar os processos por meio dos quais as empresas identificam e exploram essas oportunidades (FENG; LIU; LIU, 2023; TABARES et al., 2023). Alguns desses pesquisadores perceberam que as empresas podem conseguir identificar e explorar oportunidades enquanto outras não conseguem por possuírem capacidades dinâmicas (WEERAWARDENA; MORT; LIESCH, 2017; MIOCEVIC; MORGAN, 2018; MOSTAFIZ; SAMBASIVAN; GOH, 2019)

A abordagem adotada nesta pesquisa é considerada mais completa por haver a avaliação de como um conjunto de capacidades dinâmicas permite às empresas realizar esses processos, enquanto outros se concentram em uma capacidade. Surge, portanto, o problema de pesquisa: quais capacidades dinâmicas estão associadas aos processos de identificação e exploração de oportunidades internacionais? Desse modo, o objetivo dessa pesquisa é analisar como as capacidades dinâmicas de uma empresa de jogos eletrônicos estão associadas aos processos de identificação e exploração de oportunidades internacionais.

Os processos de identificação de oportunidades internacionais têm despertado o interesse de diversos pesquisadores (REZVANI; LASHGARI; FARSI, 2019; MIHAILOVA, 2023). Alguns dos aspectos que se mostraram relevantes para esses processos incluem: o conhecimento prévio; o estado de alerta; as redes sociais; as características do empreendedor e as condições ambientais (GEORGE et al., 2016). A revisão da literatura indicou a predominância de seis grupos de capacidades dinâmicas para atuação internacional – de rede, empreendedora, orientada ao mercado, de aprendizagem, de adaptação e de inovação.

A pesquisa consiste em um estudo de caso, de natureza qualitativa (PETTIGREW 1990; MERRIAM, 2009). A abordagem adotada foi retrospectiva. Os momentos em que ocorreram os processos de identificação e exploração de oportunidades foram analisados na perspectiva de eventos críticos (MELIN, 1992), marcando a história de internacionalização da empresa por momentos de continuidade e mudança (PETTIGREW, 1990). Para cada um desses eventos, foram analisadas as capacidades dinâmicas. Os dados foram coletados por meio de entrevistas, pesquisa documental e observação, havendo triangulação das fontes.

Análise da empresa foi dividida em três fases de atuação internacional, o que possibilita comparar a utilização das capacidades dinâmicas entre as fases, que duraram cerca de quatro anos cada uma. As capacidades de rede e empreendedora foram desenvolvidas na primeira fase, logo após a sua abertura, enquanto atuava internacionalmente por meio de agentes externos. As capacidades de adaptação e aprendizagem foram desenvolvidas durante a segunda fase, em que a empresa passou a atuar por meio de atividades de terceirização. Por último, foram as capacidades de inovação e de orientação para o mercado

Foram identificadas as seguintes evidências: EVIDÊNCIA 1: O processo de identificação de oportunidades internacionais é apoiado pelas capacidades dinâmicas de inovação, de rede e empreendedora. EVIDÊNCIA 2: O processo de exploração de oportunidades internacionais é apoiado pelas capacidades dinâmicas de aprendizagem, adaptação e orientação para o mercado. Os resultados do estudo, em que se evidencia a relação das capacidades dinâmicas com os processos de identificação e exploração das oportunidades internacionais, são representados na Figura 5.

AL‐AALI, A.; TEECE, D. J. International entrepreneurship and the theory of the (long‐lived) international firm: a capabilities perspective. Entrepreneurship Theory and Practice, v. 38, n. 1, p. 95-116, 2014. https://doi.org/10.1111/etap.12077 CHANDRA, Y.; STYLES, C.; WILKINSON, I. F. An opportunity-based view of rapid internationalization. Journal of International Marketing, v. 20, n. 1, p. 74-102, 2012. https://doi.org/10.1509/jim.10.0147 JOHANSON, J.; VAHLNE J. E. The internationalization process of the firm. Journal International Business Studies v. 8, n.1, p. 23–32, 1977. https://doi.org