Resumo

Título do Artigo

“AO MESMO TEMPO QUE EXPLODO DE FELICIDADE, ESTOU DENTRO DE UM ABISMO”: A ambivalência e o poder na atuação de mulheres em organizações da política brasileira
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Palavras Chave

Ambivalência emocional
Poder
Mulheres na política

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Comportamento Organizacional

Autores

Nome
1 - Camilla Fernandes
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ (UFPR) - PPGADM
2 - Mariane Lemos Lourenço
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ (UFPR) - PPGADM-UFPR

Reumo

Falar sobre mulheres atuantes na política no âmbito da Administração traz consigo um olhar diferenciado em que, além da igualdade de direitos e necessidade de maior representação, procura-se debater outros elementos da problemática, reflexo de uma sociedade construída sob determinadas ideologias e culturas que exprimem algumas dificuldades em relação à inserção feminina em qualquer esfera. Essa atuação é permeada por uma série de obstáculos não enfrentados por homens, principalmente em cargos de poder, lutando pela emancipação e reafirmação de seus direitos, especialmente os políticos.
Analisar como a ambivalência de emoções, diante dos desafios e dos incentivos vivenciados, pode afastar ou aproximar as mulheres atuantes em organizações do sistema político do poder.
Adotou-se a perspectiva desenvolvida por Barsade e Gibson (2007) a respeito de afetos e emoções. Já a ambivalência emocional foi aqui definida como “a associação tanto de fortes emoções positivas quanto negativas com algum alvo.” (PRATT; DOUCET, 2000). Quanto ao poder, utilizou-se o conceito proposto por Castells (2019), para quem o poder é visto como a “capacidade relacional que permite a um ator social influenciar assimetricamente as decisões de outro(s) ator(es) social(is) de formas que favoreçam a vontade, os interesses e os valores do ator que detém o poder”.
Esse estudo caracteriza-se como um estudo qualitativo básico (MERRIAM, TISDELL, 2016) e por meio de entrevistas, observações e dados secundários, utilizou-se a análise narrativa proposta por Pentland (1999).
Os principais resultados indicam que a ambivalência pode afastar ou aproximar as mulheres atuantes em organizações do sistema político do poder por meio de alguns motivos principais: (1) a sub-representação feminina no contexto pesquisado; (2) as próprias disputas por poder; (3) a atuação em múltiplas organizações em que, por lidarem com diferentes relações, tem diferentes interesses, propósitos e níveis de poder envolvidos; e, por fim, (4) a vida pessoal. Tem-se, assim, uma constante busca por equilíbrio entre conquistar o espaço, “construir seu nome” e encontrar um equilíbrio.
O que denota esta pesquisa é que a atuação das mulheres nas organizações ora pesquisadas pode ser vista como um processo de resistência, o que vem ao encontro do entendimento de Castells (2019), pois diante da assimetria de poder que vivenciam, causada de certa forma pela ambivalência resultante das relações, também surgem questionamentos quanto ao poder que prevalece em seus meios. Entende-se, portanto, que a ambivalência pode afastar ou aproximar as mulheres atuantes em organizações do sistema político do poder por meio dos motivos supramencionados.
BARSADE, S.G.; GIBSON, D.E. Why does affect matter in organizations?. Academy of management perspectives, v. 21, n. 1, p. 36-59, 2007. CASTELLS, M. O poder da comunicação. 4. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2019. MERRIAM, S.B.; TISDELL, E.J. Qualitative research: A guide to design and implementation. John Wiley & Sons, 2016. PENTLAND, B.T. Building process theory with narrative: From description to explanation. Academy of management Review, v. 24, n. 4, p. 711-724, 1999. PRATT, M.G.; DOUCET, L. Ambivalent feelings in organizational relationships. Emotion in Organizations. London: Sage, 2000.