Resumo

Diante das intensas transformações ocorridas em âmbito mundial as organizações buscaram a reconfiguração de suas estratégias, potencializando a valorização do capital humano para alcançar seus objetivos. Seguindo essa tendência, a administração pública brasileira adotou um novo olhar sobre sua maneira de gerenciar. Resultando dessa nova percepção sobre os servidores públicos foi criada a Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoal (PNDP), por meio do Decreto nº 5.707 de 2006, que instituiu a política e as diretrizes para o desenvolvimento de pessoal da administração pública federal.

Como a Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoal é executada na Universidade Federal do Ceará para os servidores Técnico-Administrativos em Educação (TAE)? O objetivo geral é avaliar a execução da Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoal na Universidade Federal do Ceará com foco nos servidores técnico-administrativos em educação.

O modelo de administração pública gerencial influencia práticas direcionadas aos recursos humanos, que passam a ser vistos como essenciais para atingir os objetivos institucionais (CARMO et al., 2018). Assim, características exigidas no setor privado passam a ser requeridas do servidor público para servir melhor a sociedade (LIMA; SILVA, 2015). Nesse contexto surge a necessidade de políticas públicas que incentivem o desenvolvimento dos servidores públicos.

Esta pesquisa caracteriza-se como qualitativa com aportes quantitativos, descritiva, bibliográfica e documental, constituindo-se um estudo de caso e de campo. A estratégia metodológica utilizada foi a triangulação. Foram entrevistados doze servidores da universidade e o gestor responsável pela implementação da política, com base em roteiros de perguntas semiestruturadas, além da aplicação de um questionário a 346 servidores da instituição. A perspectiva de avaliação alinha-se ao modelo experiencial de Lejano (2012). Para tratamento dos dados, utilizou-se o método da análise de conteúdo.

A análise dos resultados revelou que o plano analisado representou um avanço na estruturação da carreira, mas limita-se a retornos financeiros e não viabiliza aos servidores que se desenvolvem, espaço formal para colocar em prática competências superiores às exigidas para o cargo. A universidade ampliou a oferta de cursos, o que favoreceu o aumento da quantidade de servidores em ações de desenvolvimento. Os servidores reconhecem que as ações de desenvolvimento melhoram o desempenho no trabalho e que as retribuições financeiras previstas no plano os motivam a participar dessas ações.

O estudo revela uma falta de compatibilidade entre a rigidez das estruturas presentes no plano de carreiras e as proposições da política analisada (PNDP). A avaliação mostrou que a dinâmica de execução da política na universidade (UFC) precisa de ajustes para identificar as necessidades organizacionais, melhorar o acesso às capacitações, conscientizar as chefias quanto à viabilização da participação dos servidores em ações de desenvolvimento, aproveitar as competências adquiridas e avaliar os impactos nas atividades de trabalho.

CARMO, L. J. et al. Gestão estratégica de pessoas no setor público: percepções de gestores e funcionários acerca de seus limites e possibilidades em uma autarquia federal. Revista do Serviço Público, Brasília, DF, v. 69, n. 2, p. 164-192, 29 jun. 2018. LEJANO, R. P. Parâmetros para análise de políticas: a fusão de texto e contexto. Campinas: Editora Arte e Escrita, 2012. LIMA, J. O.; SILVA, A. B. Determinantes do desenvolvimento de competências coletivas na gestão de pessoas. Revista de Administração Mackenzie, São Paulo, v. 16, n. 5, p. 41-67, out. 2015.