Resumo

Título do Artigo

A REPRESENTAÇÃO DO VESTUÁRIO COMO INSTRUMENTO DE PODER E REGULAÇÃO ORGANIZACIONAL NA MÍDIA DE NEGÓCIOS
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Palavras Chave

Vestuário profissional
Relações de Poder
Mídia de Negócios

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Simbolismos, Culturas e Identidades

Autores

Nome
1 - LYSIA MARIA MEMÓRIA VIANA
UNIVERSIDADE DE FORTALEZA (UNIFOR) - Washington Soares
2 - MARCIA DE FREITAS DUARTE
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO (FGV-EAESP) - CMDA - Estudos Organizacionais

Reumo

O vestuário é um dispositivo significativo de autoidentificação e definição de papéis no meio organizacional. Para além do senso estético, o vestuário nas organizações carrega e (re)produz ideias, percepções, comportamentos, padrões institucionais, culturas, estruturas e, não menos importante, relações de poder presentes no meio empresarial. Neste sentido, um dos principais veículos por meio dos quais estes ideais acerca do vestuário profissional se propagam é a mídia de negócios, atuando como (re)produtora de discursos que legitimam comportamentos e como construtora de realidades.
O objetivo deste estudo é compreender como a revista Forbes representa o vestuário como instrumento de poder e regulação organizacional, a partir de suas construções simbólicas, dos processos de disciplinarização inerentes a elas e das redes de poder tecidas por essas relações. Para isto, empreendemos uma pesquisa de natureza qualitativa de caráter exploratório, a partir de dados documentais referentes às publicações online da revista Forbes acerca do vestuário profissional.
O estudo convergiu para as ideias de Michel Foucault, o qual sugeriu que deveríamos buscar compreender como o poder é exercido concretamente, em detalhes e não nos centrarmos em instituições, mas sim nas práticas, nas redes de poder. Adicionalmente, também foi dada atenção ao pensamento de Pierre Bourdieu, principalmente no que diz respeito ao seu conceito de habitus, cujo conceito demonstra preocupação com as relações, não reduzindo os agentes a fenômenos de estrutura.
Este é um estudo de natureza qualitativa, realizado a partir de pesquisa documental na revista Forbes, no período de 2010 a 2020. A partir de sucessivas etapas de filtragem na construção dos corpus de pesquisa a partir de buscas baseadas em palavras-chave selecionadas a partir do referencial teórico acadêmico sobre vestuário organizacional (business dress, dress code, workplace dress code, por exemplo), chegou-se a um total de 193 matérias, as quais foram lidas repetidamente e analisadas a partir da técnica da análise temática de conteúdo, a qual deu origem a quatro categorias.
As 193 publicações que compõem o corpus de pesquisa foram seccionadas em quatro categorias e 9 subcategorias: Poder simbólico do vestuário (vestuário organizacional, códigos de vestimenta, códigos de vestimenta), Disciplinarização e controle (gênero e vestuário profissional, diversidade e inclusão, uniformes), Casualização do vestuário e redes de poder (casualização e resistência da tradição, novos negócios e mercado, vestuário e fronteiras organizacionais) e Vestuário no contexto pandêmico.
As relações de poder instauradas no vestuário não advêm somente do peso simbólico dele reverberado, mas também do peso simbólico incorporado; elas advêm, também, do efeito uniformizante performado. As relações de poder também advêm da uniformização na coletividade, pois o vestuário organizacional possui aspectos que seguem sendo generalizados e internalizados pela sociedade. Finalmente, as relações de poder advêm da realidade fabricada para o vestuário organizacional a partir de nossas próprias construções, se tornando um empreendimento coletivo.
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