Resumo

Título do Artigo

O desastre ocasionado pela mineração inadequada de sal-gema em Maceió: Uma discussão sob a perspectiva da Responsabilidade Social Corporativa
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Palavras Chave

desastre sociambiental
responsabilidade social corporativa
mineração

Área

Operações

Tema

Gestão de Operações Sustentáveis

Autores

Nome
1 - Patricia Guarnieri
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA (UNB) - Departamento de Administração - FACE
2 - Natallya de Almeida Levino
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS (UFAL) - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEAC)
3 - Marcele Elisa Fontana
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE) - Departamento de Engenharia Mecânica

Reumo

O maior desastre socioambiental da América Latina, em zona urbana, em curso, acontece nesse momento em Maceió-Alagoas (BARROS FILHO; LUEDEMANN, 2021). Apesar dos impactos sociais, ambientais, econômicos e culturais ocasionados, grande parte da população brasileira o desconhece. Cerca de 60 mil famílias foram diretamente impactadas, estas tiveram que desocupar suas residências, devido a um fenômeno que em geologia é chamado de “subsidência”, que é afundamento abrupto da superfície da terra (CAPRETZ, 2022), nesse caso pela exploração inadequada de sal-gema pela empresa Braskem (CPRM, 2019).
A extração de sal-gema em Maceió foi iniciada na década de 1970 pela empresa Salgema e persistiu até a realização do evento, pela empresa Braskem. Os bairros do Mutange, Bom Parto, Bebedouro, Pinheiro e parte do Farol foram diretamente impactados (DE ARAUJO NETO et al., 2022). Mediante o exposto, o objetivo desse artigo é analisar, sob a perspectiva da Responsabilidade Social Corporativa, quais são os principais impactos, possíveis soluções e obstáculos que circundam o desastre socioambiental do afundamento dos bairros em Maceió-AL ocasionado pela extração inadequada de sal-gema.
Mazzola (2018) afirma que a postura socioambiental das organizações se desenvolve de forma gradual, primeiramente internamente e posteriormente, com o aprendizado social. Aliado a isso, Pearson e Clair (1998) afirmam que quando ocorrem crises, as empresas podem assumir quatro tipos diferentes de posturas frente à crise, tanto na preparação como nas respostas que dá a sociedade: reativa, colaborativa e defensiva, proativa. Tal postura frequentemente é evidenciada em relatórios empresariais a fim de obter ganhos financeiros por meio de ações ambientais, sociais e éticas, com base no termo ESG.
Com base no método Value Focused Thinking (VFT) proposto por Keeney (1992), foram realizadas 23 entrevistas em profundidade com stakeholders que atuaram no pós-desastre em diferentes áreas. A escolha dos entrevistados ocorreu por representatividade, acessibilidade e pela técnica snowball sampling. Os dados foram analisados pela técnica de análise de conteúdo categorial temática, proposta por Bardin. O roteiro de entrevista semi-estruturado foivalidado semanticamente por especialistas. O roteiro foi embasado no VFT, que também embasou as categorias de análise, definidas a priori.
Foi possível levantar oito soluções principais (meta principal), onze soluções intermediárias (objetivos específicos) e onze obstáculos à implementação dessas soluções. Também foram levantadas as principais consequências para a população com a implementação ou não dessas soluções, bem como os impactos ambientais, sociais, econômicos e culturais. A postura da empresa foi analisada sobre a ótica da Responsabilidade social corporativa, sendo reativa. Denotou-se que a empresa não observou a responsabilidade ética nem legal ao realizar a extração inadequada de sal-gema que causou o desastre.
Considerando os impactos ambientais, sociais, econômicos e culturais ocasionados pelo desastre e discutidos no presente artigo, bem como as possibilidades de soluções ideais e intermediárias apontadas pelos entrevistados, que seriam capazes de minimizar os danos sofridos pela população e pelo município de Maceió – AL, constata-se que existem meios de a empresa assumir uma postura mais colaborativa e proativa frente ao desastre, hoje essa postura é reativa e conforme relatórios empresariais as ações conduzidas para minimizar os danos ocorreram sob demanda e são apresentadas como filantropia.
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