Resumo

Sabe-se que a população LGBTQIA+ é alvo de copiosas violências (Borrillo, 2010), inclusive no ambiente laboral. Desse modo, cabe-se analisar como se encontram configuradas essas agressões dentro das organizações, delimitando o papel dos líderes nessa conjuntura. Nesse sentido, através de falas e discursos retirados de entrevistas colhidas, analisam-se as dimensões acerca da forma com que esse grupo minoritário entende o trabalho e percebe suas lideranças.

O objetivo da pesquisa foi analisar a percepção de trabalhadores LGBTQIA+ sobre o exercício, direto e indireto, de suas lideranças dentro do ambiente organizacional. Busca-se, também, entender as interseccionalidades, as pluralidades e as particularidades dos profissionais pertencentes a esse grupo minoritário. Ademais, procura-se contribuir com a comunidade LGBTQIA+, trazendo uma análise científica sobre o ambiente de trabalho e a forma com que as práticas de inclusão e opressão perpassam esses trabalhadores.

A fundamentação teórica da pesquisa abarcou a conceituação histórica sobre a sigla LGBTQIA+, descrevendo as definições simbólicas e políticas sobre identidade de gênero e orientação sexual. Ademais, infere-se sobre as violências sofridas por esse grupo minoritário, apresentando também a realidade da população LGBTQIA+ no ambiente laboral e os impactos evidenciados na literatura. Por fim, traçou a problemática sobre a definição de liderança, apresentando, em seguida, a concepção de diferentes autores sobre esse conceito, além de expostos as Teorias Clássicas sobre liderança (Bass, 1990).

Trata-se de uma investigação qualitativa realizada a partir de entrevistas semiestruturadas, com oito questões acerca do tema e permitindo a livre discussão sobre assuntos relacionados. Foram ouvidos cinco jovens trabalhadores pertencentes a comunidade LGBTQIA+, atuantes em empresas de distintos setores. Assim, operou uma Análise de Conteúdo (Bardin, 1977), encaixando as falas dos entrevistados em três eixos temáticos com treze categorias estabelecidas. A partir disso, realizaram-se inferências e considerações sobre os resultados.

Através da construção de tabelas, foram evidenciadas as unidades de sentido e a frequência na qual apareceram nos discursos dos entrevistados. Dividiu-se a análise em três eixos, sendo eles: (1) Inclusão e Exclusão; (2) Relação de Trabalho; e (3) Lideranças. O exame dessas dimensões, bem como das subcategorias, resultou em inferências por ora convergentes entre a literatura sobre a temática, demonstrando que os indivíduos LGBTQIA+ percebem e entendem o trabalho conforme experienciam e simbolizam suas vivências.

Os resultados da pesquisa demonstram que o entendimento das pessoas LGBTQIA+ sobre os espaços organizacionais engloba questões sobre inclusão, opressão e identificação. Essas vivências no trabalho podem gerar experiências tanto negativas quanto positivas, a depender de como estão dispostas essas estruturas opressoras. Para eles, o líder tem papel basilar para construção de um ambiente saudável e inclusivo, gerando mudanças no ambiente organizacional e utilizando de sua voz para dar visibilidade aos grupos histórica e socialmente oprimidos.

Borrillo, D. (2010). História e crítica de um preconceito. Belo Horizonte: Autêntica. Bardin, L. (1977). Análise de Conteúdo: Edições 70 Ltda. Lisboa Portugal. Bass, B. M., & Stogdill, R. M. (1990). Bass & Stogdill's handbook of leadership: Theory, research, and managerial applications. Simon and Schuster.