Resumo

A cultura pode ser atribuída a diferentes categorias, sejam elas nações, grupos, ocupações ou até mesmo regiões, em que se aponta um núcleo estável e consistente de valores básicos (Hofstede et al., 2010). A partir disso, infere-se que a cultura está disposta em muitos ambientes, inclusive nos organizacionais, influenciando os grupos e a sua capacidade inovadora (Petrakis, et al., 2015). Estudos sugerem que inovar requer condições específicas e que a cultura é um agente importante para alcançá-la.

A cultura regional explica a inovação em Pequenas e médias empresas (PMEs)? Para tanto, as dimensões de Hofstede et al. (2010) serão replicadas nesse estudo à medida em que avança uma lacuna de pesquisa ao analisar dados de PMEs relacionando-as a cultura regional e a inovação. Em função disso, o objetivo desse estudo é investigar se a cultura regional explica a inovação em PMEs.

Petrakis et al. (2015) observaram o papel da cultura como instrumento estratégico de longo prazo para a capacidades de inovação, utilizando dados sobre os países da união europeia. Eles afirmam que a cultura afeta a capacidade de inovação. Gomes & Wojahn (2016) analisaram a influência da capacidade de aprendizagem organizacional no desempenho inovador de pequenas e médias empresas (PMEs), demonstrando que a capacidade de aprendizagem organizacional influência o desempenho inovador das PMEs.

Pesquisa quantitativa realizada por meio da análise de banco de dados. A amostra foi constituída por 300 pequenas e médias empresas listadas no prêmio “As PMEs que mais crescem no Brasil” realizado pela Deloitte e a revista Exame durante os anos de 2017, 2018 e 2019, sendo este horizonte de tempo escolhido. Os resultados foram obtidos a partir do uso do sistema Gretl2019d.

Os resultados presentes na análise sobre aversão à incerteza confirmam a H1 de que PMEs brasileiras com culturas mais avessas à incerteza são mais inovadoras, como demonstrado também em grandes organizações nas descobertas de Hofstede et al. (2010). Em contraponto, a dimensão de Individualismo refuta a H2 de que PMEs brasileiras com culturas menos individualistas são mais inovadoras. A dimensão cultural orientação à longo prazo não foi significativa no modelo, portanto essa dimensão não explica a inovação estabelecida na H3.

As relações significativas demonstram o grau individualista das PMEs, contrariando ideias de coletivismo. Em consequência disso, os gestores podem utilizar as ideias individuais em favor da organização como uma forma de valorizar o colaborador. Prevenir o incerto também se mostrou predominante nos resultados apresentados, em que as PMEs ainda possuem um alto grau de prevenção ao risco. O excesso de prevenção à incerteza pode desestimular a busca por atividades inovadoras, especialmente quando o proprietário se envolve excessivamente nas atividades administrativas.

Gomes. G. & Wojahn, R. (2016). Organizational learning capability, innovation and performance: study insmall and medium-sized enterprises (SMES). Revista de Administração. Hofstede, G., Hilal, A., Malvezzi, S., Tanure, B. & Vinken, H. (2010). Comparing Regional Cultures Within a Country: Lessons From Brazil. Journal of Cross-Cultural Psychology. Petrakis, P., Kostis, P. & Valsamis, D. (2015). Innovation and competitiveness: Culture as a long-term strategic instrument during the European Great Recession. Journal of Business Research.