Resumo

Título do Artigo

A TERCEIRIZAÇÃO DO CUIDADO, MATERNAGEM E AS CONDIÇÕES DE TRABALHO DA EMPREGADA DOMÉSTICA NA AMÉRICA LATINA: uma análise fílmica comparativa entre “Roma” e “Que horas ela volta?”
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Palavras Chave

Terceirização do cuidado
Empregada doméstica
Relações de Trabalho

Área

Gestão de Pessoas

Tema

As faces da Diversidade

Autores

Nome
1 - Stefânia de Castro Helmold
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS (PUC MINAS) - Programa de Pós Graduação em Administ - Coração Eucarístico
2 - Carolina Maria Mota santos
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS (PUC MINAS) - Administração

Reumo

O trabalho doméstico invisível e não-remunerado é tema de debate e estudo de muitos autores (Federici, 2019; Saffioti, 2001; Teixeira, 2021). Este aspecto da vida das mulheres ficou ainda mais escancarado no contexto pandêmico atual, onde o que chamamos de cadeia de cuidados – care chains -, se tornou espaço de muitos embates (Isaksen et al., 2008; Yeates, 2004). O tema abordado por “Que horas ela volta?” e “Roma”, obras brasileira e mexicana, respectivamente – o trabalho doméstico – é algo recorrente a filmografia latino-americana, e são herança dos processos de colonização e escravidão.
É relevante, portanto, a discussão sobre como as relações de trabalho e as sociabilidades se apresentam no cotidiano das mulheres latino-americanas, atravessadas por questões relacionadas à raça, gênero e classe social, arraigadas no contexto específico da colonização e da escravidão. Tendo em vista os pontos de interseção entre as duas películas, este trabalho se propõe discutir comparativamente questões relacionadas à terceirização do cuidado, a maternagem e as relações de trabalho doméstico feminino na América Latina, considerando se tratar de diferentes países em diferentes épocas.
Wagner et al. (2017) entendem a terceirização do cuidado infantil como a transferência das atividades ligadas ao cuidado de crianças para outras pessoas. Importante considerar que este processo varia para famílias de diferentes espectros econômicos. Nas camadas menos abastadas, a compulsoriedade do trabalho das mulheres leva com que as mães precisem se organizar a fim de deixar os filhos com vizinhos e parentes, onde o cuidado infantil é distribuído na comunidade – maternagem compartilhada. Por outro lado, famílias de alto poder aquisitivo tendem a terceirizar a criação de seus filhos à babás.
Ambos os filmes tratam de temas atuais, principalmente aqueles relacionados à vivência feminina, como a monoparentalidade, o abandono, a terceirização da criação dos filhos, a divisão sexual do trabalho, a violência doméstica e o assédio. Outras questões são levantadas e se relacionam ao trabalho da empregada doméstica mais especificamente, tais como a invisibilidade, a má remuneração, ao não reconhecimento, a cultura servil, as violências cotidianas e as relações de afeto desenvolvidas.
A cadeia de cuidados é especialmente delineada nestas obras, marcada pela ausência da mulher pobre em seu próprio lar, para o cuidado dos filhos de patroas que tem suas carreiras garantidas pela terceirização do cuidado das crianças. A hierarquia social entre mulheres de diferentes contextos socioeconômicos, que as distancia, e a monoparentalidade e ausência da figura masculina nos lares, que as aproxima, demonstra a necessidade de uma análise interseccional do fenômeno.
Teixeira, J. C. (2021). Trabalho Doméstico (1st ed.). Editora Jandaíra. Wagner, L. C., Vieira, G. P., & Maciel, V. E. M. (2017). A terceirização dos cuidados infantis: um fenômeno histórico. Revista de EDUCAÇÃO Do Cogeime, 26(51), 77. Saffioti, H. I. B. (1976). A mulher sob o modo de produção capitalista. Contexto, 1, 1–21. Federici, S. (2019). O Ponto Zero da Revolução: Trabalho doméstico, reprodução e luta feminista (T. Breda (ed.); 1st ed.). Editora Elefante. Faur, Eleonor. (2014). El cuidado infantil en el siglo XXI. Mujeres malabaristas en una sociedad desigual. (Vol. 1, Issue 1).